AfD exclui cabeça-de-lista da delegação de eurodeputados

por Lusa

O partido de extrema-direita AfD, que ficou em segundo lugar nas eleições europeias na Alemanha, excluiu hoje o seu cabeça de lista, Maximilian Krah, da delegação de eurodeputados, devido a várias polémicas.

A informação foi anunciada pelo próprio Krah, num vídeo que publicou na sua conta da rede social X.

"Desejo aos meus colegas deputados recém-eleitos o maior sucesso na sua tentativa de reentrar no grupo parlamentar ID (Identidade e Democracia) sem mim", afirmou o responsável, referindo-se à expulsão do grupo europeu há algumas semanas, depois das declarações polémicas de Krah.

"Penso que este é o caminho errado a seguir e um sinal desastroso para os nossos eleitores, especialmente para os jovens", acrescentou.

Krah afirmou que os eurodeputados eleitos da AfD tencionam negociar com a União Nacional francesa de Marine Le Pen a readmissão na bancada da ID.

Em resposta à imprensa, admitiu que oito dos seus colegas de partido votaram contra a sua admissão na delegação do seu partido, enquanto quatro votaram a favor e três abstiveram-se.

Krah criticou ainda o facto de um partido que se candidata com o objetivo declarado de defender os interesses dos alemães se deixar "ditar" por um partido estrangeiro - referindo-se ao partido da extrema-direita francesa.

A 23 de maio, a ID decidiu expulsar toda a delegação da AfD devido aos escândalos que envolveram Krah, embora já fosse público que, após as eleições, os alemães não seriam bem-vindos de volta ao grupo de extrema-direita.

Depois de Krah ter afirmado que "nem todos na organização nazi das SS eram criminosos", a União Nacional de França e a Liga do vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini indicaram que não iriam continuar a partilhar o grupo parlamentar com os alemães.

No final de abril, um dos funcionários da AfD em Bruxelas foi detido por suspeita de espionagem a favor da China e o Ministério Público de Dresden (leste da Alemanha) abriu um processo preliminar para determinar se Krah também pode ter recebido pagamentos de Pequim.

Juntamente com o seu número dois, Petr Bystrom, Krah é também suspeito de ter recebido dinheiro de Moscovo em troca da divulgação de certas opiniões pró-russas, por exemplo, através da plataforma Voz da Europa.

A AfD conquistou seis dos nove assentos parlamentares no domingo e ficou em segundo lugar na Alemanha, com 15,9% dos votos, atrás dos democratas-cristãos (30%).

O SPD do chanceler Olaf Scholz obteve 13,9%, o seu pior resultado de sempre numa eleição nacional.

A taxa de participação nas eleições europeias na Alemanha foi de 64,8%, um número sem precedentes desde a reunificação.

Cerca de 361 milhões de eleitores dos 27 países da União Europeia (UE) foram chamados a escolher a composição do próximo Parlamento Europeu, elegendo 720 eurodeputados, mais 15 que na legislatura anterior.

A Portugal cabem 21 lugares no hemiciclo europeu.

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