Adversário de Putin impedido de candidatar-se à Presidência

por RTP
Maxim Shemetov, Reuters

A Comissão Eleitoral russa rejeitou hoje a candidatura de Alexei Navalny às presidenciais de 18 de março próximo, invocando a sua condenação judicial num caso que o próprio denunciou como "fabricado" para o impedir de enfrentar Vladimir Putin.

Segundo a cadeia de televisão Russia Today (RT), a Comissão Eleitoral invocou o facto de Navalny se encontrar em liberdade condicional, depois de ser condenado, com pena suspensa a cinco anos de prisão por alegado envolvimento numa fraude com a multinacional de cosméticos Yves Rocher. Em agosto último, a pena fora agravada em mais um ano.

Num discurso que a RT descreve como emotivo, Navalny apelara à Comissão Eleitoral para "fazer o que deve, pelo menos uma vez na vida". Numa assembleia de apoiantes no domingo, 24 de dezembro, afirmara que a eventual recusa da candidatura levaria a uma "greve do eleitorado".

Hoje, ao saber da recusa, apelou a outros candidatos para que igualmente boicotasse a eleição. Tal como a candidatura de Navalny, foram também recusadas as de Oleg Lurie, um jornalista igualmente em liberdade condicional, e a do milionário Sergey Polonsky, por omissões na sua declaração de património. Navalny anunciou que iria recorrer para o Tribunal Constitucional.

A presidente da Comissão, Elena Pamfilova, respondeu aos apoiantes de Navany: "Vocês estão a angariar fundos ilegalmente e estão a trasnformar os jovens em idiotas. Podem representar-me em uniforme ou pintar uma barba nas minhas fotografias, mas eu continuo disposto a encontrar-me com os vossos eleitores, apesar de todos os insultos".

A Comissão Eleitoral votara em reunião pública e por unanimidade a rejeição do processo apresentado na noite anterior por Navalnyu, opositor de Putin, advogado, de 41 anos.

A decisão está longe de surpreender pois este órgão já tinha advertido que o opositor ao regime não poderia aparecer antes de 2028 devido a uma condenação, em fevereiro passado, de cinco anos de pena suspensa por um caso de desvio de fundos em 2009.

A presidente da Comissão, Ella Pamfilova, assegurou que não teve "nenhum comentário" nos documentos apresentados por Alexei Navalny, repetindo que era uma questão de fazer cumprir a lei.

"É óbvio que esses casos foram fabricados para não me deixar apresentar" às presidenciais, declarou Navalny durante os debates públicos anteriores à decisão, com base na decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH).

Alexei Navalny convocou neste domingo os seus apoiantes em 20 cidades russas para que exerçam o seu direito e proponham o político da oposição como candidato independente às eleições presidenciais de março de 2018 na Rússia.

Para ser nomeado, segundo a lei eleitoral russa, Navalny, precisa de ter um grupo de pelo menos 500 eleitores que manifestem o apoio à sua candidatura.

O Presidente russo, Vladimir Putin, que anunciou previamente os seus planos de concorrer às eleições como candidato independente, segundo se espera, será proposto como candidato através de uma iniciativa popular na terça-feira. Navalny prossegue a sua campanha eleitoral com a esperança de poder enfrentar o chefe do Kremlin nas presidenciais de março de 2018.

C/ Lusa

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