O vírus H5N1 foi detetado num adolescente internado em estado crítico no Hospital Pediátrico da British Columbia, Canadá. É o primeiro caso humano no país atribuído à gripe das aves, que tem afetado milhares de animais nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa.
A Organização Mundial de Saúde garante contudo que não existem sinais de transmissão inter-humana do vírus e que o risco de tal vir a suceder é baixo.
Apesar de primeiro ter sido detetado entre aves, o vírus está a alastrar a mamíferos, como é o caso dos estábulos de criação de gado nos Estados Unidos e as criações de martas e de arminhos na Europa. A possibilidade de mutação para infetar humanos fica assim agravada.
Não foi divulgada a idade nem o sexo do adolescente mas as autoridades canadianas referiram que os sintomas começaram dia 2 de novembro, tendo sido testado seis dias depois, quando foi internado no hospital. Os sintomas incluem conjuntivite, febre e tosse. Terça-feira o estado do doente evoluiu para síndrome respiratório agudo.
Em conferência de imprensa, a responsável pela saúde da província da
British Columbia, Bonnie Henry, afirmou que "o adolescente estava
saudável, sem quaisquer problemas de saúde", antes de adoecer.
No final da tarde de quarta-feira, a Agência Nacional de Saúde Pública do Canadá, PHAC, anunciou os resultados dos testes realizados pelo Laboratório Nacional de Microbiologia de Winnipeg, os quais confirmaram que o vírus H5 detetado no adolescente é realmente o H5N1.
A sequência genética sugere que o vírus detetado é próximo dos que circulam entre as aves, pertencendo ao clado 2.3.3.4b e ao genotipo D.1.1 .
O modo de contágio está igualmente a ser verificado mas "não foi ainda identificada a origem da infeção",
reconheceu Henry. O adolescente não esteve com bovinos mas foi exposto a
cães, gatos e reptéis. "A investigação está a decorrer", acrescentou a
responsável canadiana.
Várias dezenas de pessoas que contactaram com o adolescente têm sido
identificadas e testadas, mas nenhuma é portadora do vírus da gripe das
aves.
Não existem provas de que a doença se transmita facilmente entre seres humanos, mas se ocorresse, poderia resultar uma pandemia, alertam investigadores.
Em início de novembro, o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, CDC, testou a presença do H5 entre trabalhadores expostos aos animais infetados com o vírus, sem que este fosse detetado nos humanos.
Desde março a a gripe das aves afetou 450 quintas de produção de leite nos Estados Unidos e o CDC identificou 46 casos humanos portadores do vírus desde abril.
No Canada, a província de British Columbia detetou o H5N1 em 26 locais infetados e muitas aves selvagens testaram positivo. Não existem no país por enquanto casos de bovinos infetados e não foi encontrada a presença do vírus nos laticínios.
"Historicamente, o H5N1 é capaz de provocar doença grave e fatal", apesar dos casos tenderem mais a ser suaves, referiu à agência Reuters o especialista em infeciologia Amesh Adalja, do Centro para a Segurança Sanitária do Centro John Hopkins.
Cresce disseminação do H5N1
O Canadá ocidental e diversos Estados norte-americanos têm registado um pico em surtos realacionados com o vírus, oriundo de aves que percorrem a rota migratória do Pacífico. O genotipo é diferente do vírus B3.13 que tem infetado o gado leiteiro nos EUA.
O maior receio das autoridades sanitárias globais prende-se contudo com a capacidade evolutiva do vírus.
O Departamento da Agricultura dos EUA e os Serviços de Inpecção Animal e Vegetal confirmaram esta semana cinco novos surtos de H5N1 em criações de aves, incluindo uma quinta na Califórnia com mais de dois milhões de animais. Um outro caso, de um criador de perus, possui quase 37.000 aves.
Há dois dias, um estudo publicado pela revista Nature identificou surtos de gripe das aves em focas elefante na Argentina, havendo índicios de que estes animais podem estar a tornar-se uma reserva viral entre mamíferos.
Em 2023, um surto da doença nesta população matou 17 mil animais, incluindo 97 por cento das crias. Deverá levar pelo menos uma década a repor os números da espécie na área.
Casos de mortalidade em massa são raros na foca elefante e os investigadores suspeitam que se tenha tratado de uma transmissão foca-a-foca, provavelmente resultante de contactos constantes com leões marinhos infetados.
Uma vez introduzido nas focas elefante, o H5N1 evoluiu para clados separados, um de aves e outro de mamíferos marinhos, referem os investigadores. O estudo comprovou que, neste último caso, o vírus é capaz de voltar a infetar as aves.
"Este vírus é capaz de se adaptar a espécies mamíferas marinhas como podemos ver nas mutações que estamos a detetar consistentemente nos vírus pertencentes a este clado", referiu em conferência de imprensa a co-autora Agustina Rimondi, PhD.
"Mais importante, o nosso estudo também demonstra que o vírus H5 destes mamíferos marinhos é capaz de saltar de novo para as aves", acrescentou apelando à necessidade de vigilância acrescida destas populações animais.
Caso se confirme a possibilidades das focas elefante se transformarem em reservatório do H5N1, e podendo os clados dos mamíferos voltar a afetar pássaros, isso levanta a hipótese das aves serem reinfetadas repetidamente.
"Tendo em conta as provas crescentes de que a transmissão entre mamíferos desempenhou um papel nos surtos de H5N1 detetados nas quintas de vacas leiteiras na América do Norte e nas quintas de peles animais na Europa, o surto entre as focas elefante na Península Valdes configura outro caso no qual a transmissão mamífero-a-mamífero esteve envolvida na disseminação das infeções H5N1", referiram os autores do estudo.
O Departamento da Agricultura dos EUA e os Serviços de Inpecção Animal e Vegetal confirmaram esta semana cinco novos surtos de H5N1 em criações de aves, incluindo uma quinta na Califórnia com mais de dois milhões de animais. Um outro caso, de um criador de perus, possui quase 37.000 aves.
Há dois dias, um estudo publicado pela revista Nature identificou surtos de gripe das aves em focas elefante na Argentina, havendo índicios de que estes animais podem estar a tornar-se uma reserva viral entre mamíferos.
Em 2023, um surto da doença nesta população matou 17 mil animais, incluindo 97 por cento das crias. Deverá levar pelo menos uma década a repor os números da espécie na área.
Casos de mortalidade em massa são raros na foca elefante e os investigadores suspeitam que se tenha tratado de uma transmissão foca-a-foca, provavelmente resultante de contactos constantes com leões marinhos infetados.
Uma vez introduzido nas focas elefante, o H5N1 evoluiu para clados separados, um de aves e outro de mamíferos marinhos, referem os investigadores. O estudo comprovou que, neste último caso, o vírus é capaz de voltar a infetar as aves.
"Este vírus é capaz de se adaptar a espécies mamíferas marinhas como podemos ver nas mutações que estamos a detetar consistentemente nos vírus pertencentes a este clado", referiu em conferência de imprensa a co-autora Agustina Rimondi, PhD.
"Mais importante, o nosso estudo também demonstra que o vírus H5 destes mamíferos marinhos é capaz de saltar de novo para as aves", acrescentou apelando à necessidade de vigilância acrescida destas populações animais.
Caso se confirme a possibilidades das focas elefante se transformarem em reservatório do H5N1, e podendo os clados dos mamíferos voltar a afetar pássaros, isso levanta a hipótese das aves serem reinfetadas repetidamente.
"Tendo em conta as provas crescentes de que a transmissão entre mamíferos desempenhou um papel nos surtos de H5N1 detetados nas quintas de vacas leiteiras na América do Norte e nas quintas de peles animais na Europa, o surto entre as focas elefante na Península Valdes configura outro caso no qual a transmissão mamífero-a-mamífero esteve envolvida na disseminação das infeções H5N1", referiram os autores do estudo.