A Marinha dos Estados Unidos enviou na quarta-feira um contratorpedeiro para o estreito de Taiwan. Esta foi a primeira vez que um navio de guerra atravessou o canal que separa a China de Taiwan durante o Governo de Joe Biden, o que é visto por Pequim como uma provocação que encoraja a independência de Taipé.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo Governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Mas a China considera Taiwan como território sob a sua soberania e opõe-se a qualquer tipo de interação oficial entre outros países e a ilha.
Desta forma, o envio do “destroyer” norte-americano USS John S. McCain, com seu porto no Japão, para o estreito de Taiwan é, para Pequim, uma provocação a favor da independência de Taipé.
O tenente Joe Keiley, porta-voz da 7ª Frota da Marinha dos EUA, defendeu, por sua vez, que o contratorpedeiro apenas estava a fazer a sua rota de rotina de acordo com a lei internacional.
“A passagem do navio pelo estreito de Taiwan demonstra o compromisso dos EUA com um Indo-Pacífico livre e aberto. Os militares dos Estados Unidos continuarão a voar, navegar e a operar em qualquer lugar que a lei internacional permita”, defendeu Keiley em comunicado.
A última travessia do contratorpedeiro por esta região ocorreu na véspera de Ano Novo, ainda com Donald Trump na Casa Branca, quando o “destroyer” McCain passou, juntamente com o contratorpedeiro USS Curtis Wilbur, pelo estreito de Taiwan.
"Independência de Taiwan significa guerra"
Por sua vez, no primeiro fim-de-semana da presidência de Joe Biden, Taiwan denunciou que 13 aviões chineses atravessaram a Zona de Identificação da Defesa Aérea de Taiwan (ADIZ), o maior número num único dia até agora este ano. Perante esta ameaça, Taipé foi obrigado a tomar medidas defensivas, incluindo caças de combate para monitorizar os voos chineses.
Dias depois de estes 13 aviões terem sobrevoado o estreito da Formosa e de Joe Biden ter sido empossado como 46º Presidente dos Estados Unidos, a China advertiu que a “independência de Taiwan significa guerra”.
"Às forças independentistas de Taiwan deixamos esta séria mensagem: aqueles que brincam com o fogo acabam por se queimar e a independência de Taiwan significa guerra", disse na altura o porta-voz do Ministério da Defesa da China, Wu Qian.
"O Exército de Libertação Popular tomará todas as medidas necessárias para esmagar qualquer tentativa de independência de Taiwan e defenderá firmemente a soberania e a integridade territorial da China", acrescentou.
Compromisso “forte e longo” dos EUA com Taiwan
Durante a Administração de Donald Trump, os EUA demonstraram um forte compromisso com a defesa de Taiwan ao aprovar a venda de equipamentos militares sofisticados para Taipé. Por sua vez, declarações recentes da Administração Biden sugerem que este compromisso não será esquecido.
“Há um compromisso bipartidário forte e longo com Taiwan", disse o novo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na semana passada. "Parte desse compromisso é garantir que Taiwan tem a capacidade de se defender contra acometidas. E esse é um compromisso que perdurará absolutamente na Administração Biden", garantiu Blinken.
A enviada de Taiwan, Hsiao Bi-khim, esteve presente na investidura do Presidente Biden, tendo sido a primeira vez em 40 anos que um representante de Taipé nos EUA foi oficialmente convidado para a tomada de posse de um Presidente norte-americano.