A republicana Marjorie Taylor Greene tem gerado polémica devido às teorias da conspiração que defende. Acusa empresários judeus de terem usado um laser espacial para incendiar a floresta da Califórnia, acredita que os tiroteios em escolas são encenações de opositores do uso de armas e chegou a dar força ao rumor de que Hillary Clinton bebeu o sangue de uma criança num ritual satânico. Agora, a Câmara dos Representantes prepara-se para expulsar a congressista dos comités a que pertence.
McCarthy classificou esta exigência democrata de “abuso de poder partidário”, apesar de condenar “os comentários sobre violência política, tiroteios em escolas e teorias da conspiração antissemitas” feitos pela congressista eleita pela Geórgia.
O líder dos republicanos na Câmara dos Representantes referia-se a comentários lançados ou apoiados por Marjorie Greene nos últimos anos e que têm vindo a ser condenados por ambas as forças políticas dos EUA. O mais recente episódio aconteceu no dia da invasão do Capitólio, quando terá incitado à violência por não acreditar que Donald Trump tivesse perdido as eleições presidenciais.
Dias depois, após democratas terem começado a insistir para que fosse expulsa da câmara baixa do Congresso, Greene veio condenar a violência na invasão ao edifício. Ainda assim, não resistiu a tecer mais comentários polémicos: “O movimento terrorista Antifa/Black Lives Matter depende de cúmplices democratas como Cori Bush, Ilhan Omar, Kamala Harris, Alexandria Ocasio-Cortez e muitos mais”, escreveu num tweet.
A republicana apoia o movimento QAnon, cuja teoria-base é a de que o ex-presidente Trump estava a levar a cabo uma guerra contra democratas, elementos da comunicação social e empresários que acusa de serem pedófilos, traficantes de menores e até canibais.
O QAnon acredita que esta alegada luta levará à detenção e execução de figuras de relevo, entre as quais a democrata e antiga candidata presidencial Hillary Clinton.
Mas o apoio a teorias da conspiração não fica por aqui. Greene sugeriu também que uma empresa de judeus estaria envolvida nos incêndios que devastaram a Califórnia no ano passado, tendo esses judeus alegadamente utilizado um laser espacial. Segundo a republicana, o objetivo seria limpar o caminho para a construção de um caminho de ferro de alta velocidade.
Esta teoria da conspiração foi alvo de várias piadas, em especial no Twitter.
is this the space laser u guys have been talking about pic.twitter.com/baqSavugqp
— shoshana || שושנה (@TheTonightSho) January 29, 2021
Greene acredita ainda que os tiroteios em escolas norte-americanas em 2018, que causaram dezenas de mortes, não passaram de encenações montadas por grupos que se opõem ao uso de armas nos Estados Unidos, para que pudessem ter argumentos a seu favor.
Após este comentário, vários alunos e responsáveis dessas escolas exigiram a demissão de Greene. “Os tiroteios nas nossas escolas foram reais. Crianças reais e comunidades estão ainda em luto. Devia ter vergonha”, criticaram.
Teoria sobre alegado ritual satânico de Hillary Clinton
Em redes sociais, a congressista republicana já apoiou teorias racistas e incentivou à violência contra Nancy Pelosi e Barack Obama, entre outros democratas.Em janeiro de 2019, antes de concorrer ao Congresso, criou uma petição para destituir Pelosi por alegados “crimes de traição”, nomeadamente a criação de políticas “que servem os imigrantes ilegais e não os cidadãos dos Estados Unidos” ou a falta de apoio ao muro fronteiriço de Trump.
Na mesma altura, colocou um “gosto” num comentário no Facebook de alguém que sugeria “uma bala na cabeça” de Nancy Pelosi como a solução para a remover da liderança da Câmara dos Representantes.
Colocou também "gostos" em comentários sobre a execução de agentes do FBI que não apoiassem Donald Trump.
Quando, em abril de 2018, alguém lhe perguntou num post do Facebook se se deveria enforcar Hillary Clinton e Barack Obama, Greene respondeu que “o palco está a ser montado e os atores estão a ser colocados no sítio”. “Isto deve ser feito de forma perfeita, caso contrário os juízes liberais vão deixá-los ir em liberdade”, acrescentou.
Greene chegou ao ponto de acusar Hillary Clinton de “ter assassinado uma criança durante um ritual satânico e ter bebido o seu sangue”. Esta teoria foi espalhada pela congressista depois de rumores nas redes sociais sobre um vídeo – inexistente – no qual Clinton cometia esse crime.
Todas estas teorias da conspiração foram debatidas numa reunião à porta fechada do Partido Republicano na quarta-feira. Em sua defesa, a republicana terá referido perante os colegas que têm sido outras pessoas a gerir as suas redes sociais ao longo dos anos. “Muitas das publicações não representam os meus ideais”, declarou, segundo uma fonte da CNN.
Esta quinta-feira a Câmara dos Representantes irá votar a sua expulsão dos comités aos quais pertence. O líder dos republicanos na câmara baixa já sugeriu transferir Greene para um outro comité, o dos Pequenos Negócios, por ser também empresária, mas os democratas não deverão aceitar.
A proposta de expulsão da polémica congressista precisa apenas de uma maioria simples para ser aprovada. Sendo a Câmara dos Representantes de maioria democrata, está praticamente garantida.
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