Acordo de paz prematuro porque Israel continua traumatizado - analistas

por Lusa

Um acordo de paz no Médio Oriente "é um pouco prematuro" devido ao trauma ainda presente em Israel por causa do ataque de 07 de outubro de 2023 pelo Hamas, afirmaram hoje analistas. 

"A questão de saber se a paz é possível é um pouco prematura", afirmou a professora de Política e Relações Internacionais na University College London, Julie Norman, salientando a rejeição da parte da classe política. 

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu "não só evitou dizer a palavra `Palestina` na ONU. O Knesset, o parlamento israelita, aprovou este verão uma resolução que afirma que nunca será criado um Estado palestiniano", acrescentou. 

"Esta é a realidade com que estamos a lidar", referiu, durante o debate "Israel-Palestina: A paz é possível?", promovido em Londres pelo centro de estudos britânico Chatham House.

Também a advogada de direito internacional Naomi Bar-Yaacov fala num país "profundamente traumatizado".

"É muito difícil para os israelitas avançarem no sentido da paz antes de os reféns voltarem, todos eles. A sociedade está dividida, mas não nisto", afirmou a antiga assessora na ONU. 

O jornalista Amjad Iraqi, membro do centro de estudos palestiniano Al-Shabaka, considera que ainda não existem condições dos dois lados para tornar a paz possível e que a continuação do conflito "continua a ser positiva" para Israel e para o Hamas.

Segundo Iraqi, "do lado israelita pode haver um consenso social esmagador em torno da libertação dos reféns, mas a maioria continuaria a apoiar, ou mesmo a ser indiferente, à continuação da guerra em Gaza", o que não favorece as negociações para um cessar-fogo. 

"Para o Hamas, a sua posição nas negociações é que quer um cessar-fogo permanente. Não se trata de uma exigência do Hamas, mas sim de uma exigência palestiniana, independentemente do que se pensa do Hamas", afirmou.

A diretora do Programa do Médio Oriente e Norte de África do Chatham House, Sanam Vakil, lamentou que este impasse e o risco de um agravamento do conflito em toda a região do Médio Oriente não seja surpreendente para os observadores mais atentos. 

"O que é que vai ser preciso para sair desta escalada? Esta é a grande questão, que exige que analisemos o caleidoscópio de atores regionais mais vastos e os seus objetivos", sugeriu.

Contando "pelo menos seis guerras nos últimos 40 anos", esta especialista avisou que "as guerras militares ainda não se traduziram em paz e segurança para Israel, nem para toda a região" e que a solução terá de ser política.

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