Acordo de cereais em risco. Último navio parte do sul da Ucrânia
O último navio carregado com cereais ucranianos partiu esta quarta-feira de um porto do sul da Ucrânia. A prorrogação do acordo, que permite a exportação segura de cereais e fertilizantes pelo Mar Negro, está em risco devido aos obstáculos colocados pela Rússia.
O navio DSM Capella deixou o porto de Chornomorsk transportando 30 mil toneladas de milho a caminho da Turquia, segundo dados divulgados pelas Nações Unidas.
As Nações Unidas e a Turquia negociaram o acordo do Mar Negro por um período inicial de 120 dias, em julho de 2022, para ajudar a enfrentar a crise alimentar agravada pela invasão russa da Ucrânia, um dos principais exportadores de cereais do mundo.
Responsáveis russos, ucranianos, turcos e das Nações Unidas estiveram reunidos em Istambul, na passada semana, para discutir o prolongamento do acordo do Mar Negro.
“Estão a decorrer contactos a diferentes níveis. Estamos obviamente numa fase delicada”, afirmou a porta-voz da ONU, Stephane Dujarri, no final do encontro na capital turca.
Já o ministro turco dos Negócios Estrangeiros frisou que o acordo poderia ser prorrogado por, pelo menos, mais dois meses.
Em julho de 2022, para convencer a Rússia a assinar o acordo, as Nações Unidas concordaram em ajudar Moscovo com as suas exportações agrícolas durante três anos.
Apesar de as exportações russas de alimentos e fertilizantes não estarem sujeitas às sanções ocidentais impostas após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Moscovo considera que as restrições aos pagamentos, logística e seguros representam uma barreira às exportações. Questões em aberto para a Rússia
“Ainda há muitas questões em aberto relativamente à nossa parte do acordo. Agora terá de ser tomada uma decisão”, afirmou na terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Moscovo afirma que ainda existem obstáculos às suas próprias exportações de fertilizantes e cereais, e ameaça abandonar o acordo.
A Rússia enumerou publicamente cinco requisitos para a extensão do acordo, incluindo a reativação do banco agrícola russo Rosselkhozbank ao sistema bancário internacional Swift e a remoção de barreiras à segurança dos navios e ao acesso a portos estrangeiros.
Moscovo exige ainda a regresso do fornecimento de máquinas agrícolas e peças sobresselentes, a retoma de um oleoduto de amoníaco de Togliatti, na Rússia, para Odessa, na Ucrânia, bem como o desbloqueio das contas e atividades financeiras das empresas russas de fertilizantes.
c/ agências