O Governo do Reino Unido, anfitrião da Cimeira do Clima, que decorre há vários dias em Glasgow, na Escócia, deu a conhecer esta quarta-feira a versão preliminar da declaração final do evento dedicado à resposta às alterações climáticas. No documento, os países são exortados a robustecer, até ao final de 2022, o caminho para um aquecimento global de 1,5 graus Celsius.
Este draft, colocado a circular ao início da manhã desta quarta-feira, relembra ainda os países signatários do Acordo de Paris que podem apresentar compromissos mais sólidos, em matéria de resposta às alterações climáticas e em qualquer altura. E, pela primeira vez, exorta-os a abandonarem progressivamente o financiamento da exploração de carvão e combustíveis fósseis.
Diplomatas de perto de duas centenas de países representados em Glasgow vão agora negociar, nas próximas horas, uma versão final da declaração da COP26 – cimeira que chega ao fim no próximo fim-de-semana.
Se os países representados em Glasgow mantiverem os atuais compromissos até 2030, o aquecimento global será de 2,4 e não de 1,5 graus Celsius, acima dos níveis pré-industriais, segundo a avaliação da organização Climate Action Tracker. Sabe-se já que, pelo andar dos trabalhos nos últimos dias, países como a Índia estarão pouco disponíveis para fazer uma transição acelerada.
Ao mesmo tempo, nações mais pobres e especialmente vulneráveis às alterações climáticas têm vindo a apelar para que seja respeitado o limite de um aquecimento planetário de 1,5 graus Celsius. Algo que os cientistas consideram, mesmo assim, próximo da calamidade.
Ao mesmo tempo, nações mais pobres e especialmente vulneráveis às alterações climáticas têm vindo a apelar para que seja respeitado o limite de um aquecimento planetário de 1,5 graus Celsius. Algo que os cientistas consideram, mesmo assim, próximo da calamidade.
“Acender todos os sinais vermelhos”
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que regressa esta quarta-feira aos trabalhos da COP26, considera necessário que os países “acendam todos os sinais vermelhos”, numa tentativa de limitar o aquecimento da Terra. Cláudia Godinho - Antena 1
São seis as páginas do esboço de declaração final, que se focam no princípio da adaptação e no financiamento – este último tem sido um dos pontos quentes dos trabalhos em solo escocês, uma vez que os países menos desenvolvidos responsabilizam as potências pelos escassos contributos para a defesa do clima.
De destacar que uma subida média da temperatura global de apenas dois graus Celsius poderá traduzir-se em milhares de milhões de pessoas atingidas por fatais vagas de calor e humidade, de acordo com o Gabinete Meteorológico do Reino Unido.
Antes de retornar aos trabalhos da cimeira, Boris Johnson, cuja primeira intervenção foi alvo de críticas a um excessivo entusiasmo, afirmou que “as equipas negociação estão a cumprir os metros mais difíceis nestes últimos dias da COP26, de forma a transformar promessas em ação sobre as alterações climáticas”.
A edição online da BBC adianta que o próprio Johnson vai reunir-se com ministros e negociadores para auscultar vontades no sentido de eventuais progressos.
“Isto é maior do que qualquer país em particular e é tempo de as nações colocarem de lado as divergências e juntarem-se em prol do nosso planeta e dos nossos povos”, acentuou o chefe do Executivo britânico, para acrescentar: “Precisamos de acender todos os sinais vermelhos, se quisermos manter os 1,5 graus Celsius ao alcance”.
O que foi já conseguido em Glasgow?
A cimeira continuará, até ao último momento, a negociar um acordo que possa receber as chancelas de 197 países. Todavia, na passada semana, foram alcançados alguns acordos laterais.
Mais de uma centena de líderes prometeram pôr termo e mesme inverter a desflorestação até 2030, entre os quais o Brasil.
Estados Unidos e União Europeia anunciaram a formação de uma parceria de alcance global para reduzir as emissões de metano – gás com efeito de estufa – até 2030.
Por último, mais de 40 países comprometeram-se a pôr de parte o carvão como fonte de energia. No entanto, os maiores utilizadores deste combustível, como a China e os Estados Unidos, posicionaram-se à margem deste entendimento.
Esta quarta-feira é o “dia dos transportes” na COP26.
c/ agências