Acções de desminagem em Angola encontraram 79 tipos de minas, de 21 países
Os trabalhos de desminagem realizados em Angola já permitiram encontrar 79 tipos diferentes de minas, oriundas de 21 países, revelou o director-geral adjunto do Instituto Nacional de Desminagem (INAD), Araújo Kapapelo Nunda.
"A ex-União Soviética e os antigos países do leste europeu dominam totalmente a lista das 10 minas anti-pessoais e anti-tanque mais encontradas em Angola", afirmou o responsável do INAD.
Kapapelo Nunda salientou, no entanto, que "o grosso (dos engenhos explosivos encontrados) veio da antiga União Soviética e da África do Sul, do tempo do `Apartheid`".
As estatísticas do instituto revelam que a ex-URSS é responsável por 18 tipos de engenhos encontrados em Angola e a África do Sul por outros 13, seguindo-se os Estados Unidos (7), a ex- Jugoslávia (6) e a China (4).
O Instituto Nacional de Desminagem estima que ainda existam em Angola entre cinco e sete milhões de minas, colocadas ao longo de quatro décadas de conflitos armados no país.
"Pelas pesquisas que fizemos, os objectos detectados e a experiência de desminagem efectuada, pensamos haver em Angola entre cinco e sete milhões de minas", afirmou aquele responsável do INAD numa entrevista concedida ao jornal Apostolado, uma publicação on-line ligada à Igreja Católica angolana.
Kapapelo Nunda frisou que não há registo de colocação de novas minas nos últimos dois anos, desde que foi assinado o acordo de paz entre o governo e a UNITA, pelo que todas as minas existentes foram enterradas durante os vários conflitos armados que o país viveu.
"O exército colonial, os três movimentos de libertação (FNLA, MPLA e UNITA), os cubanos, os sul-africanos, as forças governamentais, cada um destes actores, segundo o período, minou o território angolano", afirmou.
O INAD tem actualmente identificados 4.222 campos de minas, dos quais já foram limpos 1.484, restando ainda 2.737 por desminar em todo o território angolano.
"O campo significa uma área determinada, suspeita de possuir minas plantadas no solo, não corresponde a um perímetro com superfície e quantidade de minas padronizadas", explicou, acrescentando que "há campos maiores e menores em extensão, com muitas ou poucas minas".
Nas acções de desminagem já realizadas, o INAD conseguiu desactivar e destruir cerca de 36 mil minas anti-pessoais, 2.500 minas anti-tanques e 1,3 milhões de outros objectos explosivos não detonados, como bombas, granadas e munições.
A superfície já desminada em Angola é superior a 2,2 milhões de quilómetros quadrados, tendo sido também já limpos mais de 104 mil quilómetros de estradas.
Os dados mais recentes referem que os trabalhos de desminagem realizados entre Janeiro e Junho deste ano permitiram remover 2.168 minas anti-pessoal e 613 minas anti-tanque.
No entanto, apesar dos esforços desenvolvidos nesta área, foram registados nos primeiros seis meses deste ano 37 acidentes com minas, que provocaram 29 mortos e 49 feridos.
No início de Setembro, o governo angolano apresentou o Programa de Acção contra as Minas para 2005, orçado em 88,1 milhões de dólares, que inclui 231 projectos de desminagem, educação e assistência às vítimas.