"Absolutamente inaceitável". ONU acusa exército israelita de disparar contra um dos seus comboios em Gaza

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Foto: Hasan Zaain Anadolu via AFP

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) acusou esta segunda-feira o exército israelita de ter disparado contra um dos seus comboios na Faixa de Gaza no domingo. A agência da ONU condenou "veementemente" mais um "acontecimento inaceitável".

"Apesar de ter recebido todas as autorizações necessárias das autoridades israelitas", um comboio de três veículos "claramente" identificados "foi alvo de disparos das forças israelitas" perto do posto de controlo de Wadi Gaza, no centro do território palestiniano, afirmou a agência da ONU em comunicado.

“Felizmente, nenhuma das oito pessoas que se encontravam nos veículos atingidos por 16 balas ficou ferida durante esta experiência “aterradora”, acrescentou. 

"Este acontecimento inaceitável é o mais recente exemplo do complexo e perigoso ambiente de trabalho em que o Programa Alimentar Mundial e outras agências estão a operar atualmente” no enclave palestiniano, onde "as condições de segurança devem melhorar urgentemente para permitir a continuação das operações humanitárias", insistiu.

Cindy McCain, diretora do PAM, afirmou que o ataque das forças israelitas é "absolutamente inaceitável" e defendeu que "os humanitários não são o alvo", numa publicação na rede social X. "Devemos ter acesso seguro e protegido para continuar a prestar ajuda que salva vidas", acrescentou.


O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 2020, reiterou o apelo a todas as partes para que o Direito Humanitário Internacional seja respeitado e a passagem segura da ajuda humanitária garantida. 

Apesar dos apelos, os veículos da ONU têm sido alvo de ataques frequentes que levaram no passado à suspensão temporária das operações na região, comprometendo ainda mais a entrega de alimentos e bens essenciais à população de Gaza e agravando a crise humanitária com a fome que afeta grande parte da população de Gaza desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, que entrou hoje no 458.º dia.
"Fome como arma de guerra"
De acordo com a ONU, a Faixa de Gaza está mergulhada numa grave crise humanitária com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pelas Nações Unidas em estudos sobre a segurança alimentar no mundo.

No final do ano passado, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio em Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra. Uma acusação logo refutada pelo Governo israelita, que não apresentou quaisquer argumentos.

c/agências

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