Aberta investigação a nova rutura de cabos de fibra ótica entre Suécia e Finlândia

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Homem a trabalhar na instalação de um cabo subterrâneo de fibra ótica da empresa GlobalConnect em Espoo, na Finlândia Vesa Moilanen - EPA

A polícia finlandesa anunciou esta terça-feira que abriu uma investigação após novas ruturas num dos cabos de fibra ótica terrestre que ligam a Suécia e a Finlândia. O ministro sueco da Defesa Civil levantou suspeitas de sabotagem, mas a Finlândia diz não ter motivos para suspeitar de um ato criminoso.

Milhares de residências na Finlândia ficaram sem energia após terem sido registados danos em dois pontos diferentes num dos cabos de fibra ótica terrestres entre a Finlândia e a Suécia.

A empresa de telecomunicações GlobalConnect informou na segunda-feira que uma das ruturas já foi reparada.

Segundo a mesma fonte, um dos rompimentos foi causado por uma retroescavadora durante obras em curso. “Parece um problema habitual de manutenção”, disse à AFP Samuli Bergström, diretor do centro de cibersegurança da Agência Finlandesa de Transportes e Comunicações.

“Não temos nenhuma indicação no momento de que se trata de sabotagem”, disse também o CEO da GlobalConnect, Martin Lippert, ao site dinamarquês DR. “Indicações preliminares indicam que um dos cabos foi cortado por uma retroescavadora durante as obras. Ainda não sei nada sobre o outro ”, acrescentou.

As causas da segunda rutura são ainda desconhecidas e a polícia finlandesa já abriu uma investigação.

O ministro sueco da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, garantiu que “a polícia finlandesa está a investigar o que aconteceu” e acrescentou que “dadas as circunstâncias, há suspeita de sabotagem”.

No entanto, a Finlândia é mais cautelosa e a polícia esclareceu esta terça-feira que não está a conduzir uma investigação criminal.

"Com base nas informações atuais, não temos motivos para suspeitar de um crime neste caso", disse à agência Reuters o inspetor Teemu Saukoniemi, do Conselho Nacional de Polícia da Finlândia.

“As autoridades estão a investigar este assunto em colaboração com a empresa [Global Connect]”, anunciou a ministra finlandesa dos Transportes e Comunicações, Lulu Ranne, no X. “Estamos a levar a situação a sério”, garante.
Vaga de ruturas
Este incidente ocorre cerca de duas semanas após a rutura de dois cabos de telecomunicações no Mar Báltico em menos de 24 horas - um que liga a ilha sueca de Gotland à Lituânia e o outro a Finlândia à Alemanha.

As interrupções levantaram suspeitas de mão criminosa, a mando ou a favor do Kremlin, e foram abertas investigações criminais por parte da Suécia, Alemanha e Lituânia. Nestas investigações, as suspeitas são dirigidas a um navio chinês, o Yi Peng 3, que terá navegado sobre os cabos quando estes falharam.

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse que o Mar Báltico é agora uma zona de "alto risco" e pediu ao navio chinês que regressasse às águas suecas para facilitar a investigação.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China já negou qualquer responsabilidade neste caso e disse que os canais de comunicação com a Suécia e outras partes relevantes estavam “desobstruídos”, quando questionado sobre o pedido da Suécia.

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, propôs, a semana passada, a criação de uma missão policial no Mar Báltico a fim de proteger "infraestruturas críticas".

Os países nórdicos culpam regularmente a Rússia pelos seus “ataques híbridos”, incluindo esta recente rutura de cabos submarinos no Báltico. O Kremlin considera tais acusações “absurdas”.
PUB