O Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana considera que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos Estados Unidos equivale a uma “abdicação de um papel de mediador para a paz”. Já o Hamas considera que Donald Trump está “a abrir as portas do inferno” com esta decisão.
“Com estas decisões deploráveis, os Estados Unidos minam deliberadamente todos os esforços de paz e abdicam do papel de mediadores para a paz que desempenharam nas últimas décadas”, disse o líder da Autoridade Nacional Palestiniana.
Abbas reiterou ainda que Jerusalém é “a eterna capital do estado da Palestina”, ao contrário do que é agora reconhecido pelos Estados Unidos.
Em reação à declaração do Presidente norte-americano, o alto responsável do Hamas considera Trump “está a abrir as portas do inferno para os interesses norte-americanos na região”.
Ismail Radouane pede mesmo aos países árabes e muçulmanos que reduzam ao máximo “as ligações económicas e políticas” com as embaixadas dos Estados Unidos e que expulsem os diplomatas norte-americanos.
Também em reação às declarações de Donald Trump, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) considera que a nova posição dos Estados Unidos "destrói" a solução de dois Estados.
O secretário-geral da organização, Saëb Erakat, diz que o Presidente norte-americano desqualificou Washington "de qualquer desempenho em qualquer processo de paz".
Comunidade internacional condena
Uma das primeiras reações à declaração do Presidente norte-americano chegou de António Guterres. Sem condenar diretamente as palavras de Trump, o secretário-geral das Nações Unidas sublinhou que “não há alternativa” à solução de dois estados.
“Só com a solução de dois estados, a viver lado a lado em paz, em segurança e reconhecimento, com Jerusalém como a capital de Israel e da Palestina, é que as aspirações legítimas dos dois povos serão alcançadas”, reiterou.
Já o Presidente francês Emmanuel Macron condenou esta decisão que considera “deplorável” e que já tinha criticado dias antes da declaração oficial, quando foi conhecida a intenção de Donald Trump de reconhecer Jerusalém com capital de Israel.
“O compromisso da França e da Europa é a solução de dois estados, Israel e Palestina, a conviver lado a lado, em paz e em segurança, nas fronteiras internacionalmente reconhecidas com Jerusalém como capital dos dois Estados”, considerou o Presidente francês no decurso de uma visita à Argélia.
Sur Jérusalem, la France n'approuve pas la décision des États-Unis. La France soutient la solution de deux États, Israël et la Palestine, vivant en paix et en sécurité, avec Jérusalem comme capitale des deux États. Nous devons privilégier l’apaisement et le dialogue.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) December 6, 2017
“Devemos privilegiar o apaziguamento e o diálogo”, acrescentou numa mensagem no Twitter.
Também a chanceler alemã Angela Merkel declarou que "não apoia" a posição assumida esta quarta-feira pela Administração Trump. Theresa May, primeira-ministra britânica, já fez saber que o Reino Unido também "discorda" da decisão do Presidente norte-americano.
Federica Mogherini, alta-representante da União Europeia para a Política Externa, assume estar "profundamente preocupada" após a decisão de Washignton. Na terça-feira, durante um encontro com Rex Tillerson, secretário de Estado norte-americano, a responsável considerava que a solução deve passar pelo reconhecimento de Jerusalém como "futura capital dos dois Estados".
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