Abbas acusa Israel de matar milhares de crianças e pede ao mundo "o fim do crime" em Gaza

por RTP
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana. Foto: Sarah Yenesel - EPA

O presidente da Autoridade Palestiniana discursou na tarde de quinta-feira perante a Assembleia-Geral das Nações Unidas para deixar as críticas mais fortes contra o Estado de Israel, cujos ministros apelida de terroristas e acusa de estar a levar a cabo genocídios na região do Médio Oriente, primeiro contra os palestinianos e depois contra os libaneses, fazendo de Gaza uma região "onde é impossível viver".

Sobre o 7 de outubro do ano passado, o presidente da Autoridade Palestiniana afirmou que “a situação nos territórios ocupados da Palestina estava explosiva e desde o primeiro dia acentuei a necessidade de parar esta guerra. Condeno a morte de civis seja qual for a sua proveniência e pedi a libertação de prisioneiros de ambos os lados, apelei a negociações imediatas”.
Telejornal | 26 de setembro de 2024

“Mas, em vez de ouvir a voz da razão, o Governo israelita aproveitou a situação para perpetrar um genocídio com crimes de guerra conforme foram rotulados pela comunidade internacional (…) e agora é o povo libanês a enfrentar um genocídio [levado a cabo por Israel]”.

No meio do seu discurso, Mahmoud Abbas acusou um ministro israelita de ser “um terrorista”, referindo-se a um anterior discurso na ONU.

“Israel leva a cabo este genocídio contra o nosso povo desde a sua criação”, acusou Abbas, pedindo uma punição e sanções contra Telavive, lamentando que os Estados Unidos, “a maior democracia do mundo”, tenha por três vezes, através do poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, certificado que a ação de Israel era legítima, fornecendo-lhe armas para os ataques, “armas que serviram para atacar civis”.
EUA fornecem armas para atacar civis

Já esta tarde, Telavive confirmou ter garantido um pacote de ajuda de 8,7 mil milhões de dólares dos Estados Unidos para apoiar seus esforços militares atuais no sentido de manter uma vantagem militar na região.

O pacote inclui 3,5 mil milhões de dólares para aquisições essenciais em tempo de guerra, que já foram recebidos e destinados a compras militares críticas, e 5,2 mil milhões destinados a sistemas de defesa aérea, incluindo o sistema antimíssil Cúpula de Ferro.

Mahmoud Abbas criticou ainda Washington de se revelar contra a constituição dos Estado da Palestina e de nada fazer para travar a ofensiva israelita em Gaza.

“Israel não merece pertencer a esta organização”, acusou Abbas, que falou de “terrorismo sob a forma de colonatos israelitas, do governo e do exército de ocupantes, que está a destruir casas e terras dos palestinianos”.

“Israel, que se recusa a implementar as resoluções das Nações Unidas, não merece ser membro desta organização internacional", disse Abbas.
“Parem de fornecer armas a Israel” 

Foi um dos apelos deixados por Mahmoud Abbas à assembleia: “Parem com o genocídio. Parem de enviar armas para Israel”.

“Parem com este crime. Parem com isso agora. Parem de matar crianças e mulheres”, pediu Abbas, verberando que “esta loucura tem de acabar. O mundo inteiro é responsável pelo que o nosso povo está a sofrer em Gaza e na Cisjordânia”.

“A ocupação vai acabar, vai acabar, vai acabar”, concluiu Abbas.
Resposta de Israel

Em comunicado, o novo embaixador israelita nas Nações Unidas acusou o presidente da Autoridade Palestiniana de apoiar o Hamas. "Abbas falou durante 26 minutos sem pronunciar uma só vez a palavra 'Hamas'. Desde o massacre de 7 de outubro, Abbas não condenou o Hamas pelos seus crimes contra a humanidade".

Danny Danon acusou ainda a Autoridade Palestiniana de "pagar os salários dos terroristas que matam israelitas".

Antes disso, o presidente palestiniano tinha insistido no apelo para que sejam retomadas as negociações para a "solução de dois Estados".
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