Em pleno boom económico, a Alemanha tem cada vez mais pessoas a recorrerem à "sopa dos pobres". Em Berlim, a RTP esteve em duas dessas instituições e ouviu pessoas envolvidas - como voluntárias ou como beneficiárias.
Um dos organizadores desta "sopa dos pobres", que faz questão em identificar-se simplestemente como "Irmão Johannes", explicou à RTP o que podem receber as pessoas que se dirigem àquele local em busca de ajuda.
Uma outra explicação dizia respeito às regras de comportamento que foi necessário definir, nomeadamente a proibição de bebidas alcoólicas. O Irmão Johannes constata, simultaneamente, que o número de pessoas a procurar ajuda na Wohlankstrasse tem vindo a aumentar - também em tempos de crescimento económico.
Ulrich Schneider, director-geral de uma organização de combate à pobreza, descreve este agravamento da desigualdade social e da pobreza e apresenta dados concretos que ajudam a explicar o afluxo crescente à "sopa dos pobres".
Klaus Höhne, um voluntário que presta serviço nas instalações dos franciscanos, guiou a RTP pelas secções que Johannes tinha referido, nomeadamente a da distribuição de roupa e calçado e esclareceu que o apoio que não se presta aos beneficiários é o de deixá-los pernoitar no edifício da Wohlankstrasse.
O problema do local onde pernoitar é dramático para alguns dos habituais visitantes da Wohlankstrasse. Um deles, Lutz Wolgas, relatou à RTP as condições que encontra num dormitório público, em que podem suceder roubos ou agressões, sem que a polícia tome quaisquer medidas eficazes.
Ulrich Schneider sublinha a essencial ambiguidade das "sopas dos pobres" - por um lado como ajuda indispensável para muitas pessoas que vivem em situação de pobreza, ou no seu limiar; por outro, como desculpa de políticos e burocratas para fixarem um rendimento mínimo muito baixo, confiando em que alguém porá o que falta.
Na "sopa dos pobres" que funciona junto da estação de comboios do Jardim Zoológico de Berlim, nota-se uma proporção muito maior de pessoas sem-abrigo e situações de exclusão social mais extremas. Mas nem só os sem-abrigo e nem só os desempregados recorrem às diversas "sopas dos pobres". Pessoas que têm salários insuficientes para subsistirem, elas próprias e as suas famílias, procuram aí um complemento a esse salário.