Dados de diferentes estudos comprovam que a polícia norte-americana dispara, mata e aprisiona mais vezes por comparação com outros países. Em 2018, mais de mil pessoas morreram às mãos da polícia nos EUA, enquanto no Reino Unido há a registar apenas três vítimas. Para além disso, os afro-americanos têm três vezes mais probabilidade de serem vítimas de violência policial nos EUA e representam um terço da população prisional do país.
Floyd, de 46 anos, é apenas uma das muitas vítimas mortas todos os anos às mãos das forças policiais norte-americanas. No entanto, se olharmos para outros países desenvolvidos, incidentes como este são raros.
A comparação entre países é de difícil compreensão dada a inexistência de dados oficiais. Por este motivo, a CNN baseou-se em estimativas que, segundo sublinha o meio de comunicação, revelam um cenário alarmante.
Uma análise do Bureau of Justice Statistics aos meios de comunicação concluiu que foram registadas 1.348 potenciais mortes relacionadas com detenções entre junho de 2015 e março de 2016 nos Estados Unidos, o que representa uma média de 135 mortes por mês ou quatro por dia.
No Reino Unido, por exemplo, apenas 13 pessoas morreram durante ou na sequência de uma detenção num período próximo, de acordo com o Ministério da Administração Interna.
Para além disso, o número de mortes às mãos de agentes policiais é muito mais elevado nos EUA do que nos restantes países. Segundo dados do FBI, 407 pessoas foram vítimas de “homicídio justificável” em 2018, o que revela um declínio em comparação com anos anteriores.
No entanto, os homicídios considerados “justificáveis” não incluem todas as vítimas de violência policial e o número real ascende o milhar, de acordo com outras fontes de informação como o Washington Post ou o Mapping Police Violence.
Em comparação, na Alemanha apenas há registo de 11 pessoas mortas a tiro pela polícia e no Reino Unido apenas de três.
Afro-americanos vítimas de violência policial
Olhando para a questão racial, os números também revelam que entre as vítimas de violência policial estão, na grande maioria, afro-americanos. De acordo com um estudo publicado no American Journal of Health, homens negros têm três vezes mais probabilidade de serem vítimas de violência policial do que homens brancos. Em 2018, nos EUA, foram detidas mais de 10 milhões de pessoas.
Para além disso, os EUA têm a maior população carcerária do mundo, bem como a maior taxa de prisão per capita. Os 2,2 milhões de reclusos ultrapassam o conjunto da população de Washington, Boston e Miami.
Em 2018, a população prisional equivalia a 655 em cada 100 mil pessoas nos EUA, um número bastante díspar dos restantes países do G7. No Reino Unido, a população carcerária era de 140 em cada 100 mil, em Itália de 98 e na Alemanha de 75.
Um terço do total da população prisional nos EUA é afro-americana. Um gráfico da CNN demonstra que apesar de representarem apenas 12 por cento da população norte-americana, os afro-americanos representam 33 por cento da população prisional.
No Reino Unido e no Canadá, por exemplo, existe também uma desigualdade nas percentagens, mas não à escala dos EUA. Em Londres, a população negra representa três por cento da população total do país, mas em termos prisionais correspondem a 12 por cento. Já no Canadá, nove por cento da população prisional é negra, apesar de representarem apenas quatro por cento da população do país norte-americano.
Os dados refletem um cenário claro e preocupante de violência policial e racismo nos EUA e são o motivo das manifestações que têm ocorrido no país. A morte de George Floyd mergulhou os EUA numa onda de protestos e violência que continua a ser visível nas ruas por todo o país e também em todo o mundo.
Desde o início dos protestos nos EUA, mais de nove mil pessoas foram detidas e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.