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A migração é "algo natural da natureza humana" defende vencedora prémio Nansen

por Lusa

A brasileira Rosita Milesi, que venceu o prémio Nansen do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, disse à Lusa que a migração é "algo natural da natureza humana".

"É necessário avançar na educação, desde a educação fundamental para tratar a temática da mobilidade humana como algo natural da natureza humana, como algo natural das pessoas. Sempre foi assim", disse, em entrevista à Lusa.

O prémio Nasen, atribuído anualmente, e batizado em homenagem ao explorador, cientista, diplomata e humanitário norueguês Fridtjof Nansen, é concedido a uma pessoa, grupo ou organização que tenha ido além no dever na proteção de refugiados, deslocados internos ou apátridas. O nome vencedor foi anunciado na terça-feira.

 Rosita Miles, da Congregação das Irmãs Scalabrinianas desde 1964 e que em 1999 fundou, em Brasília, o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), sublinhou que agora a mobilidade humana, principalmente os refugiados, são consequência da "tristeza de guerras e conflitos" e  de questões climáticas, provocadas pelo ser humano.

"De certo modo, a própria humanidade está provocando essa mobilidade, então, pelo menos devemos desenvolver mecanismos de acolhimento, de integração para que não prevaleça a rejeição", sublinhou.

A migração é uma oportunidade para países, organizações sociais, organizações de fé e organismos internacionais "possam é desenvolver cada vez mais o espírito de solidariedade, de acolhimento, da integração, porque é o caminho que a humanidade deve fazer", considerou.

"Porque são parte integrante fundamental, são a parte fundamental da nossa história", disse, avisando preferir "que não se difunda e que não se considere sempre de forma negativa ou de forma adversa a questão migratória".

"Não podemos negar que há discriminação, dificuldades e xenofobia, porém [é preciso], sublinhar o número de pessoas, de organizações e governos também que tem feito um esforço para lidar com a mobilidade na América Latina".

A agência da ONU para os Refugiados aponta existirem no mundo 120 milhões de pessoas a viverem como deslocadas.

Além da irmã Rosita Milesi, o comité do prémio Nansen 2024 para os Refugiados também homenageou quatro outros nomeados regionais.

Em África, Maimouna Ba, uma ativista baseada no Burkina Faso que ajudou mais de 100 crianças deslocadas a regressar às salas de aula e capacitou 400 mulheres deslocadas a ganhar independência financeira.

Deepti Gurung, na Ásia-Pacífico, uma ativista nepalesa que fez campanha para reformar as leis de cidadania do país, depois de saber que as filhas se tinham tornado apátridas.

Na Europa, Jin Davod, uma jovem empreendedora social, que se baseou na sua própria experiência como refugiada para criar uma plataforma que presta apoio em matéria de saúde mental a sobreviventes de traumas, incluindo refugiados e comunidades locais.

E, por fim, no Médio Oriente e Norte de África, Nada Fadol, uma refugiada sudanesa que mobilizou ajuda essencial para centenas de famílias que fugiram para o Egito em busca de segurança.

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