"A democracia venceu". Joe Biden tomou posse como 46.º Presidente dos Estados Unidos

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Kevin Lamarque - Reuters

Esta quarta-feira, dia 20 de janeiro, marca o fim de quatro conturbados anos com Donald Trump na Casa Branca e o início de “um novo dia”. Joe Biden tomou posse como 46.º Presidente dos Estados Unidos, juntamente com Kamala Harris, a primeira vice-presidente mulher e afro-americana. No seu discurso, o Presidente eleito sublinhou que "a democracia venceu" e prometeu "liderar não apenas pelo exemplo do nosso poder, mas pelo poder do nosso exemplo”.

"É um novo dia na América", escreveu Joe Biden na sua conta da rede social Twitter ao início da tarde desta quarta-feira.

A cerimónia de "passagem de testemunho da democracia" arrancou às 16h00 (em Lisboa) no Capitólio, em Washington.  A senadora Amy Klobuchar, uma das aliadas de Joe Biden, foi a primeira a discursar.


“Este é o dia em que o nossa democracia se reconstrói, limpa a poeira e faz aquilo que a América sempre fez, que é seguir em frente”, afirmou a senadora.

Depois de a cantora Lady Gaga ter interpretado o hino nacional, Kamala Harris prestou juramento enquanto primeira mulher e afro-americana vice-presidente.

De seguida foi então a vez de Joe Biden prestar juramento, com a mão esquerda numa Bíblia de família, que a sua mulher segurou, e a mão direita no ar.

"A democracia venceu"

"Este é dia da América, da democracia. Um dia de história, de esperança, de renovação de decisão", disse o Presidente eleito no início do seu discurso de tomada de posse.

“Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa. A causa da democracia, do povo e da vontade do povo que foi ouvida”, acrescentou. “Mais uma vez ficamos a saber que a democracia é preciosa e frágil e neste momento, meus amigos, a democracia venceu”, afirmou Biden.

“Neste terreno sagrado em que há poucos dias a violência agitou as bases da capital, unimo-nos enquanto uma nação sobre Deus, indivisível, para levarmos a cabo uma transferência de poder pacífica como temos feito há mais de dois séculos”, afirmou o Presidente eleito, referindo-se ao dia em que milhares de apoiantes de Trump assaltaram o Capitólio.

“Esta é uma grande nação”, disse Biden, sublinhando que há ainda, no entanto, um “longo caminho a percorrer”. “Há muito a reparar, muito a restaurar, muito a sarar, muito a construir e muito a ganhar”, disse o Presidente eleito.
“Sem união não há paz"

Sem nunca referir o nome de Donald Trump, Biden reconheceu que o país será agora "posto à prova" com vários desafios, como a pandemia, a desigualdade em crescimento, o racismo e a crise climática. “Poucos tempos foram mais difíceis do que agora”, disse Biden. Joe Biden venceu as eleições presidenciais depois de ter conquistado 306 dos 538 grandes eleitores.

Para enfrentar os próximos dias, Biden apela à união: “Precisamos da coisa mais lúcida da democracia: a união”. "Unir a américa, unir o nosso povo. Peço a todos os americanos que se juntem a mim nesta causa”, sublinhou.

Referindo-se novamente ao ataque ao Capitólio no passado dia 6 de janeiro, Joe Biden sublinhou que a “América tem de ser melhor do que isto”. “Precisamos de fazer com que a América seja uma força do bem no mundo”.

“As forças que nos dividem são profundas e são reais, mas não são novas”, disse o Presidente, relembrando que “a nossa história tem sido uma luta constante entre o ideal americano, em que todos somos criados como iguais, e a realidade feia, de racismo, medo e diabolização, que desde há muito nos tem vindo a afastar. É uma batalha constante”.

“A batalha é perene e a vitória nunca está garantida”, continuou Biden, reiterando a importância da união: “Sem união não há paz, apenas amargura e fúria. Não há nação, apenas caos”.

“Hoje vamos recomeçar de novo, vamos voltar a ouvir-nos e a respeitar-nos”, garantiu Biden.
Biden promete "reparar as alianças"

"Esta é a minha mensagem para aqueles que estão além das nossas fronteiras. A América foi testada e saímos mais forte disso. Vamos reparar as nossas alianças e envolver-nos com o mundo outra vez”, prometeu o 46º Presidente aos aliados dos EUA.

Vamos liderar não apenas pelo exemplo do nosso poder, mas pelo poder do nosso exemplo”, garantiu Biden, prometendo que os EUA serão "um parceiro forte e confiável para a paz, para o progresso, para a segurança". O parlamento português saudou esta tarde, com uma breve salva de palmas, a tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos.

Já perto do final do discurso, que teve a duração de 23 minutos, o Presidente eleito pediu um momento de silêncio em homenagem às mais de 402 mil vítimas mortais da pandemia de Covid-19 registadas nos EUA.

Joe Biden finalizou depois o seu discurso ao prometer defender a Constituição, a democracia e a América. "Juntos vamos escrever um história americana de esperança, não de medo, de unidade, não de divisão, de luz, não de escuridão. Uma história de decência e dignidade, amor e cura, grandeza e bondade", concluiu.

Pela primeira vez na história dos EUA, a cerimónia decorreu sem público a assistir presencialmente, com o Capitólio apenas acessível a pessoas credenciadas. Donald Trump não compareceu à cerimónia.

Ainda abalados pelo ataque ao Congresso por parte de apoiantes do Presidente cessante Donald Trump e com a ameaça contínua de protestos armados, o ambiente nos EUA, e particularmente em Washington, é de grande tensão e obrigou a um reforço das medidas de segurança para o dia da Inauguration de Joe Biden.

A capital norte-americana transformou-se numa verdadeira fortaleza: as ruas estão interditas, com cerca de 25 mil agentes da Guarda Nacional a guardar o perímetro de segurança junto do Capitólio. Esta foi a maior operação de segurança alguma vez realizada para uma transição presidencial.

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