Em Espanha, onde se realizam este domingo eleições antecipadas, Santiago Abascal, líder do partido da extrema-direita Vox, a terceira força política no país desde 2019, poderá vir a governar em coligação com o Partido Popular, de Alberto Feijóo, na próxima legislatura, segundo os números das sondagens. Um pouco por toda a Europa, sopram ventos em direção à extrema-direita. Porquê?
Suécia, Itália, Finlândia, Grécia, Alemanha - multiplicam-se os países europeus que têm celebrado vitórias de pendor populista e pactos de direita e de extrema-direita nas eleições legislativas, regionais e locais dos últimos meses.
Espanha poderá ser o próximo país na lista, com o cenário da formação de um governo partihado pelo Partido Popular (PP), de Alberto Feijóo, e o Vox, de Santiago Abascal. Isto de acordo com as possibilidades traçadas pelas sondagens e após a vitória da direita e da extrema-direita espanholas nas eleições regionais e locais de 28 de maio.
No último ano, a extrema-direita conseguiu resultados nunca antes alcançados em democracia: em Itália tornou-se a primeira força política do país, na Suécia e na Finlândia converteu-se na segunda maior de ambos os países, entrou nos governos e impôs o seu programa eleitoral, na Grécia conseguiu uma representação sem precedentes no Parlamento e na Alemanha conseguiu conquistar o seu primeiro governo regional.
Tudo começou na Suécia, em setembro do ano anterior, depois de os Democratas Suecos (SD) liderados por Jimmie Akesson - um partido conservador e nacionalista e com raízes neonazis - terem chegado ao poder, através da coligação com o partido conservador Moderados, do atual primeiro-ministro Ulf Kristersson, e se ter tornado a segunda maior força política do país.
O Partido dos Finlandeses garantiu não só o cargo de vice-primeira-ministra à líder do partido, Riikka Purra, como um terço de ministérios importantes no atual Governo. Além disso, o atual presidente do Parlamento finlandês e ex-presidente do partido Verdadeiros Finlandeses, Jussi Halla-aho, anunciou a intenção de apresentar a candidatura às presidenciais, marcadas para janeiro de 2024.
No passado mês de junho, na Grécia, com uma vitória clara (40,5 por cento dos votos), o partido conservador de direita Nova Democracia (ND), de Kyriakos Mitsotakis, garantiu um novo mandato. E a extrema-direita também aumentou a presença no Parlamento grego: entre o partido da direita cristã ortodoxa Niki, o partido neonazi Espartanos, apoiado pelo ex-líder da Aurora Dourada, e os ultranacionalistas da Solução Grega (EL), conseguiu quase 13 por cento dos votos.
Finalmente, a ascensão da extrema-direita aparenta dirigir-se para a Península Ibérica, com um cenário de pacto entre o Partido Popular e o Vox.
O Vox pretende chegar à Moncloa depois de ter conseguido alcançar o poder executivo nas comunidades autónomas, com o recurso a um discurso populista, nacionalista e ruralista, a promessa de luta contra a imigração e a eliminação de direitos e liberdades sociais, como a lei do Aborto, a lei da Eutanásia ou a lei de Garantia da Liberdade Sexual, “Apenas Sim é Sim”.
Depois de anos de avanços sociais na Europa, assiste-se a um momento de reação conservadora, muitas vezes capitalizando os efeitos das diversas crises - financeira, humanitária, energética, climática, sanitária ou ainda da guerra na Ucrânia. As forças ditas populistas assentam o discurso político nas dificuldades socioeconómicas, no desencantamento, na desconfiança das elites e na incerteza, apresentando-se como a mudança de rumo que resolve todos os problemas.
Os cidadãos da UE terão várias eleições decisivas pela frente: em Espanha, já este domingo, na Polónia, em novembro de 2023, e na Bélgica e na Europa, em junho de 2024.