4.300 toneladas de petróleo derramado no Mar Negro perto da Crimeia. Especialistas russos alertam para falha nas limpezas

por RTP
Limpezas em Blagoveshchenskaya, perto do resort de Anapa, no Mar Negro, na região russa de Krasnodar. Sergey Pivovarov - Reuters

Faltam equipamentos para limpar cerca de 4.300 toneladas de petróleo que chegaram à costa da Rússia, provenientes de dois petroleiros atingidos por uma tempestade no Estreito de Kerch, no Mar Negro, denunciam cientistas russos. Os navios transportavam 9.200 toneladas de combustível e estima-se que cerca de 40 por cento do poluente tenha sido derramado no mar, segundo autoridades russas.

A região russa de Krasnodar declarou esta quarta-feira a situação de emergência à medida que a precipitação do derrame de óleo no Mar Negro aumenta perto do Estreito de Kerch, no sul da Rússia. As autoridedes  justificam que o petróleo ainda está a aparecer na costa dez dias do incidente com dois navios-tanque.

O desastre remonta a 15 de dezembro quando dois petroleiros russos, o Volgoneft-212 e o Volgoneft-239, foram atingidos por uma tempestade no Estreito de Kerch. Um afundou, o outro encalhou.

Um grupo de cientistas russos vieram agora alertar para as faltas de equipamentos para o procedimento correto das limpezas. 

Apesar dos milhares de voluntários que foram mobilizados para remover areia empapada com petróleo das praias próximas, os trabalhos estão a falhar, dizem os especialistas.

“Não há retro-escavadoras, nem camiões. Não há praticamente nenhuma maquinaria pesada”, explicou Viktor Danilov-Danilyan em conferência de imprensa.

Danilov-Danilyan é o chefe científico do Instituto de Problemas Hídricos da Academia Russa de Ciências e ocupou o cargo de ministro do Meio Ambiente da Rússia na década de 1990.

Os voluntários têm apenas “pás e sacos plásticos inúteis que se rasgam”, afirmou.

“Enquanto os sacos esperam na praia para finalmente serem recolhidos, as tempestades chegam e arrastam-nos. Acabam por voltar para o mar. É impensável”, insiste o cientista, alertando que é um trabalho inglório.

Recorde-se que as critícas às entidades de Moscovo não são comuns.

O governador da região de Krasnodar, Veniamin Kondratyev reportou na quarta-feira que quase 30 mil toneladas já foram recolhidas.

Porém, estima-se que perto de “200 mil toneladas de areia podem ter sido contaminadas com petróleo”, declarou o ministro de Recursos Naturais da Rússia, na segunda-feira. Outro especialista, Sergei Ostakh, professor da Academia Russa de Ciências Naturais, acredita que o petróleo poderá chegar às costas da Crimeia muito em breve e pede "uma intervenção rápida".

O derrame pode ser a causa de morte de 21 golfinhos, embora sejam necessários testes adicionais para confirmar o motivo, alegou o centro de resgate de golfinhos de Delfa.

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