21 ONG de direitos humanos alertam para ameaças às liberdades na Tunísia

por Lusa

Várias organizações de direitos humanos defenderam hoje que as liberdades na Tunísia, berço da `Primavera Árabe`, estão agora em risco após a violenta repressão aos protestos da semana passada.

"Está claro que as liberdades estão ameaçadas e enfrentam um perigo iminente", sustentou Yassine Jelassi, presidente do Sindicato Nacional de Jornalistas da Tunísia (SNJT), numa conferência de imprensa organizada por 21 organizações não governamentais de direitos humanos.

"Uma mentalidade policial e de segurança governa o estado. A Tunísia tornou-se um país que suprime as liberdades", defendeu.

Sábado, as 21 ONG denunciaram a existência de uma "repressão" policial e de ataques "bárbaros" a jornalistas e manifestantes durante os protestos organizados na sexta-feira passada contra o Presidente tunisino, Kais Saied.

As manifestações em Tunes e noutras cidades tunisinas tiveram como objetivo protestar contra o "golpe de força" de 25 de julho de 2021 protagonizado por Saied, em que assumiu plenos poderes, depois de dissolver o parlamento e a Constituição.

Outro alvo dos protestos foi a proibição da celebração do 11.º aniversário da queda do regime do anterior chefe de Estado a 14 de janeiro de 2011, oficialmente por razões de ordem sanitária devido à pandemia de Covid-19.

Em cenas de violência que não eram vistas na capital há 10 anos, a polícia, com um forte aparato, carregou sobre os manifestantes e utilizou canhões de água e granadas de gás lacrimogéneo para os dispersar, procedendo a dezenas de detenções.

O jornalista Mathieu Galtier - correspondente do diário francês Libération, da revista Jeune Afrique e da estação de rádio RFI - foi agredido pela polícia e impedido de cobrir a manifestação, denunciaram os três órgãos de comunicação social, bem como a Associação de Correspondentes Estrangeiros no Norte de África (NAFCC).

A Tunísia registou avanços nas áreas de liberdade de expressão desde a revolta que derrubou o ditador Ben Ali em 2011, e que levou ao início das sublevações nos países norte-africanos, o que ficou conhecido como a `Primavera Árabe`.

No entanto, desde 25 de julho de 2021, quando Saied assumiu plenos poderes, teme-se um regresso ao regime totalitário protagonizado por Ben Ali.

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