Foi anunciada uma nova data de conclusão da conhecida basílica de Antoni Gaudí, em Barcelona, a norte de Espanha. A Sagrada Família "será concluída em 2026" embora as obras de detalhes decorativos assim como a escadaria da entrada principal demorarão mais oito anos.
A primeira pedra foi lançada há 144 anos. A 19 de março de 1882, arrancava o ambicioso projeto de Antoni Gaudí, um dos nomes máximos da arquitetura modernista espanhola. A proposta era a construção de uma basílica com uma torre central de 172,5 metros dedicada a Jesus Cristo. O monumento ficou conhecido por Sagrada Família.
Esteve Camps, presidente da organização encarregada de concluir a obra-prima de Gaudí anunciou que a conclusão da basílica irá coincidir com o centenário da morte do arquiteto (1852-1926).
Em 2026, paredes e torres devem ficar concluídas. Porém a escadaria da entrada principal e decorações escultóricas tem data de conclusão de 2034.
“Temos os materiais, as licenças e o dinheiro para que as obras da capela da Assumpta, da parte da rua Provença e da gigantesca Torre de Jesus possam ser inauguradas em 2026, coincidindo com o centenário da morte de Gaudí” , declarou Camps, citado na revista espanhola AD.
"Na Wikipedia alguém terá que mudar aquela frase que revela que a Sagrada Família é a maior igreja católica inacabada do mundo”, acrescentou.
Os inícios dos trabalhos remetem a 1882 quando o local era uma área agrícola aberta. A construção atraiu muitas pessoas e nos anos que se seguiram a localidade cresceu em torno da basílica.
A escadaria que ocupará dois grandes quarteirões da cidade, envolve o desalojamento de cerca de mil famílias e empresas. Embora alguns estudiosos de Gaudí contestem estes planos, Camps afirma que a escada sempre fez parte do desenho de Gaudi.
“Estamos a seguir à letra o plano de Gaudí. Somos os seus herdeiros e não podemos renunciar ao seu projeto. A planta apresentada à autarquia em 1915, assinada por Gaudí, inclui a escada”, salientou.
Das doações dos pecadores ao turismo
A construção da icónica basílica tem tido diversos percalços. Sofreu paragens devido à guerra e ao financiamento pouco consistente, e muitos acreditavam que a Sagrada Família nunca seria terminada.
Se antes do advento do turismo de massa, o trabalho era financiado exclusivamente por doações de pecadores arrependidos, nas últimas décadas, os cinco milhões de visitantes por ano, a 25-40 euros cada, permitiu o avanço das obras.
Durante a guerra civil espanhola (1936-39), os anarquistas incendiaram a cripta e destruíram a oficina de Gaudí e os modelos de gesso que ele desenvolveu como guia para os sucessores concluírem a obra. O arquiteto Lluís Bonet i Garí recuperou os fragmentos e restaurou as maquetes de Gaudí.
O arquiteto neozelandês Mark Burry, através de um programa de computador aeronáutico, conseguiu estabelecer os detalhes técnicos de como realizar o projeto da Sagrada Família.
Ao longo dos anos, a obra nunca reuniu uma opinião consensual.
Enquanto Salvador Dalí descrevia que a basílica tinha uma “beleza aterrorizante e comestível” , George Orwell dizia que era “um dos edifícios mais hediondos do mundo”, comentando mesmo a falha dos anarquistas por não “o terem explodido quando tiveram oportunidade”.