O ano que agora finda entra para a História como aquele em que decorreram mais eleições nacionais. Os eleitores de mais de 60 países foram chamados às urnas. Marcado por conflitos bélicos, pressões económicas e a ascensão de partidos populistas de direita, 2024 revelou-se pleno de desafios - para os candidatos e quem os escolheu.
Mais de dois mil milhões de eleitores foram às urnas em países como Estados Unidos, Reino Unido, Índia, México, África do Sul, Japão, Venezuela, México e Portugal.
A par das eleições nacionais, também a União Europeia escolheu os novos comissários para o Parlamento Europeu.
A par das eleições nacionais, também a União Europeia escolheu os novos comissários para o Parlamento Europeu.
Troca de poder
Entre as eleições globais com maior destaque estão os Estados Unidos.Os democratas norte-americanos perderam a Presidência, com Donald Trump, o ex-presidente republicano, a derrotar a vice-presidente Kamala Harris. Os republicanos também venceram nas duas câmaras do Congresso.
Ao contrário dos Estados Unidos, onde o poder político oscilou de uma ala de pendor social de esquerda para uma direita liberal, no Reino Unido verificou-se o contrário. O Partido Trabalhista britânico ganhou uma esmagadora maioria parlamentar, encerrando 14 anos de governo do Partido Conservador.
Uma das mudanças mais notadas aconteceu em África. No Botsuana, pela primeira vez em quase 60 anos, o Partido Democrático perdeu o poder. Findo o ciclo de Governo de partido único, o Guarda-Chuva para a Mudança Democrática ficou em primeiro lugar, garantindo a maioria absoluta e assegurando a eleição de Duma Boko como presidente do país.
Na Coreia do Sul também se assistiu a uma troca de poder. Os sul-coreanos escolheram dar à oposição - Partido Democrata - uma maioria de assentos na Assembleia Nacional, sendo interpretado como uma tentativa de advertência ao controlo exercido pelo presidente Yoon Suk Yeol, do Partido do Poder Popular.
Entretanto, no início de dezembro, o presidente Yoon impôs a lei marcial e acusou os líderes do Partido Democrata de atividades “anti-Estado”. A Assembleia Nacional rapidamente reverteu a decisão de Yoon, ao votar por unanimidade para a lei marcial ser levantada.
No Gana, no Panamá, Uruguai e também em Portugal, quem estava na oposição passou a ser governo.
Entretanto, no início de dezembro, o presidente Yoon impôs a lei marcial e acusou os líderes do Partido Democrata de atividades “anti-Estado”. A Assembleia Nacional rapidamente reverteu a decisão de Yoon, ao votar por unanimidade para a lei marcial ser levantada.
No Gana, no Panamá, Uruguai e também em Portugal, quem estava na oposição passou a ser governo.
Perda de maioria
Noutras eleições, os partidos no poder perderam as maiorias, mas permaneceram à frente dos destinos dos países.
Por exemplo, na África do Sul, pela primeira vez desde o fim do Apartheid, o Congresso Nacional Africano não conseguiu conquistar a maioria dos assentos da Assembleia Nacional.
No Japão, o Partido Liberal Democrático, que governou o país durante a maior parte da era pós-II Guerra Mundial em coligação com Komeito, perdeu a maioria no Parlamento.
Também na Índia o primeiro-ministro, Narendra Modi, e o seu partido Bharatiya Janata não resistiram sozinhos para formar governo. Embora Modi tenha obtido uma terceira vitória consecutiva, precisou de se coligar com 15 membros da chamada Aliança Democrática Nacional (NDA), para lhe fornecerem os números necessários a governar nos próximos cinco anos.
Em França, o presidente Emmanuel Macron decidiu realizar eleições antecipadas no verão. A aliança centrista Ensemble perdeu terreno tanto para a Nova Frente Popular, de esquerda, quanto para o Reagrupamento Nacional, de direita.
Altos e baixos da economia
A inflação foi uma questão importante nas eleições globais, pois muitos dos países ainda estão em recuperação económica da onda pós-pandemia que desencadeou o aumento global de preços.
A inflação foi uma questão importante nas eleições globais, pois muitos dos países ainda estão em recuperação económica da onda pós-pandemia que desencadeou o aumento global de preços.
A desigualdade económica em curso e frustrações dos eleitores com a classe política criaram oportunidades para os populistas de direita.
Extrema-direira na Europa
Várias eleições na Europa sublinharam a tendência de ascensão dos partidos populistas de direita, onde os temas anti-imigração e segurança ganharam terreno em eleições parlamentares.
Extrema-direira na Europa
Várias eleições na Europa sublinharam a tendência de ascensão dos partidos populistas de direita, onde os temas anti-imigração e segurança ganharam terreno em eleições parlamentares.
Também na Áustria o Partido da Liberdade, de extrema-direita, obteve 29 por cento dos votos nas eleições de setembro, registando o maior resultado relativamente aos outros partidos. Porém, aparentemente será pouco provável que haja uma coligação governamental que inclua o Partido da Liberdade.
Na Roménia, três partidos de extrema-direita arrecadaram muitos votos em dezembro com o candidato de direita, Calin Georgescu, a garantir a maiora da escolha dos romenos, na primeira volta. Porém, a 6 de dezembro, o Tribunal Constitucional da Roménia anulou os resultados após terem surgido alegadas provas de interferência russa na eleição.
No Reino Unido, o Reform UK garantiu a terceira maior participação dos votos nas eleições gerais com 14 por cento e o líder de extrema-direita, Nigel Farage, consegui um assento no Parlamento, após oito tentativas.
Portugal não escapou a esta tendência: o Chega conseguiu conquistar 50 dos 230 assentos parlamentares, acima dos 12 de 2022 e de um assento em 2019.
Tempos voláteis em autocracia
De Taiwan à Rússia e mais, as disputas presidenciais e legislativas têm enormes implicações para os Direitos Humanos, a economia, as relações internacionais e as perspetivas de paz em tempos voláteis.
Desde cedo que o presidente russo iria garantir a continuidade no Kremlin, onde exerce controlo absoluto. Vladimir Putin, com 71 anos, governa há 24 e desencadeou o maior conflito militar na Europa desde a IIA Guerra Mundial - a guerra na Ucrânia. Arrecadou 88 por centos dos votos russos.
De Taiwan à Rússia e mais, as disputas presidenciais e legislativas têm enormes implicações para os Direitos Humanos, a economia, as relações internacionais e as perspetivas de paz em tempos voláteis.
Desde cedo que o presidente russo iria garantir a continuidade no Kremlin, onde exerce controlo absoluto. Vladimir Putin, com 71 anos, governa há 24 e desencadeou o maior conflito militar na Europa desde a IIA Guerra Mundial - a guerra na Ucrânia. Arrecadou 88 por centos dos votos russos.
Na Venezuela, Nicolás Maduro acrescentou mais seis anos à sua presidência, arrecadando 51,2 por cento das escolhas. O candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que liderava as sondagens de opinião, obteve 44,2 por cento. Multiplicam-se, desde então, as acusações de fraude eleitoral.
Para 2025 espera-se eleições no Canadá, Chile, Alemanha, Jamaica, Noruega e Singapura.
Tópicos