A tempestade Theta, que se formou no Oceano Atlântico na noite de segunda-feira, levou 2020 a superar o recorde da temporada de tempestades do Atlântico Norte, com o maior número de ciclones tropicais que foram suficientemente fortes para serem "batizados" com um nome.
Houve tantas grandes tempestades em 2020 que os meteorologistas esgotaram a lista de nomes em inglês e tiveram de recorrer ao alfabeto grego, passando rapidamente de Alfa para Eta. Só em setembro, houve cinco tempestades alinhadas no Atlântico de uma vez.
"Acho que todos estão surpreendidos com o número de tempestades que vimos", disse Jill Trepanier ao jornal britânico, especialista em clima extremo na Louisiana State University. "O grande número superou as minhas expetativas".
As tempestades são nomeadas assim que o vento atinge velocidades acima dos 60 km por hora, havendo ainda 12 das tempestades nomeadas em 2020 perto de se tornarem furacões. Até agora e desde o início do ano, os Estados Unidos já foram atingidos por um recorde de 12 tempestades e seis furacões, com algumas regiões habitadas a serem afetadas repetidamente por ventos fortes e inundações.
"São as comunidades mais vulneráveis que provavelmente serão atingidas com mais força, as mesmas comunidades que estão tentando recuperar das tempestades e de devastações anteriores à Covid-19", afirmou Robert Bullard, um especialista em política ambiental da Texas Southern University, que relembrou que o país já enfrenta uma crise social e económica devido à pandemia, para além dos danos causados pelas repetidas tempestades.
A verdade é que esta temporada de tempestades vai muito além dos limites das expetativas normais, com uma média de 11 tempestades nomeadas por ano entre os anos 1980 e 2010. Não se tem a certeza se a crise climática e o aquecimento global são as principais causas para a ocorrência de mais tempestades, embora a comunidade cientifica esteja a descobrir mais evidências de que o aumento das temperaturas da atmosfera e do oceano está a potenciar furacões mais fortes.
"A rápida intensificação parece ser o nome do jogo agora", disse Trepanier. "Estando as condições tão quentes como estão actualmente, devíamos contar com a rápida intensificação destes fenómenos".