100 anos do PCC. Xi Jinping avisa que China não voltará a ser "oprimida"

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

O Presidente chinês afirmou que as potências estrangeiras que tentarem intimidar ou influenciar o país vão entrar em "rota de colisão com uma parede de aço" de 1,4 mil milhões de pessoas. Xi Jinping, que discursou nas celebrações do centenário do Partido Comunista Chinês, na Praça Tiananmen, acrescentou que a eliminação da pobreza extrema foi uma conquista do regime.

De pé no Portão da Paz Celestial junto a uma fotografia de Mao Zedong, o Presidente chinês frisou que a era da China intimidada “terminou para sempre”.

“Não aceitaremos pregação hipócrita dos que sentem que têm direito de nos dar sermões. Nunca intimidamos, oprimimos ou subjugamos do povo de qualquer outro país e nunca o faremos”, acrescentou Xi Jinping, num discurso que durou cerca de uma hora perante uma multidão de 70 mil pessoas. As declarações de Xi Jinping foram recebidas com aplausos entusiasmados das dezenas de milhares de membros do PCC presentes na Praça Tiananmen, em Pequim.

“Da mesma forma que nunca permitiremos que ninguém intimide, oprima ou subordine a china. Quem tentar irá entrar numa rota de colisão com uma parede de aço composta por 1,4 mil milhões de pessoas”.

Para Xi, “um país forte deve ter militares fortes para garantir a segurança da nação, e o Exército de Libertação do Povo que fez conquistas indeléveis. Foi um forte pilar para salvaguardar o país e preservar a dignidade nacional, a soberania e os interesses de desenvolvimento, não apenas da China, mas da região”.

O PCC deve manter “liderança absoluta” sobre os militares, que deve crescer e ser elevada “aos padrões da classe mundial”, defendeu.
China quer “restaurar” Taiwan
Xi reiterou as promessas de longa data de “restaurar” Taiwan.

O PCC nunca governou Taiwan, mas considera a ilha como uma província separatista da China que deve ser unificada, pela força se necessário, o Chefe de Estado Chinês considera que esse continua a ser um “compromisso inabalável”.Na comunidade internacional há uma preocupação e uma preparação crescente para a eventualidade de um confronto militar sobre Taiwan, provavelmente envolvendo os EUA, que fornecem armas ao Governo da ilha.

“Ninguém deve subestimar a determinação, a vontade e a capacidade do povo chinês de definir a sua soberania e integridade territorial”, frisou.

O PCC exerce um governo absoluto sobre 1,4 mil milhões de pessoas e uma das maiores economias do mundo. Mas a China é também um país cada vez mais isolado da comunidade internacional devido a abusos dos direitos humanos e ações contra vizinhos regionais, como Taiwan, Índia e outros que contestam as reivindicações chinesas no Mar do Sul da China. As suas relações com países como os Estados Unidos, Canadá e Austrália- com os quais está envolvida em exasperadas disputas comerciais - estão no ponto mais baixo das últimas décadas.
O percurso do PCC
O Partido Comunista Chinês, fundado em 1921, chegou ao poder há 72 anos, após uma longa guerra civil.

Xi Jinping, que consolidou o Governo há oito anos e ainda não nomeou um sucessor, traçou a história do Partido Comunista Chinês desde a sua origem em Xangai até hoje,
declarando que tinha alcançado o seu primeiro objetivo do centenário de construir “uma sociedade moderadamente próspera em todos os níveis” e alegando ter erradicado a pobreza.

"Isto significa que alcançámos uma resolução histórica para o problema da pobreza extrema na China e que avançamos agora com um passo decidido em direção ao objetivo do segundo centenário: fazer da China um grande país socialista e moderno em todos os níveis", vincou.

“Eliminamos o sistema feudal explorador que existia na China há milhares de anos e estabelecemos o socialismo. O povo chinês não é apenas bom em destruir um mundo antigo, mas também em construir um mundo novo. Apenas o socialismo pode salvar a China, e apenas o socialismo com características chinesas pode desenvolver a China”.
Segundo Xi, “sem o partido não haveria uma nova China e isso transformou profundamente o avanço da nação chinesa”.

O PCC deve "continuar a desenvolver o socialismo com características chinesas", o que XI considerou um "caminho único para a civilização chinesa" e "um novo modelo para o progresso humano".

“É a base e a força vital do país, e o ponto crucial do qual dependem os interesses e o bem-estar de todos os chineses”.

"Somente o socialismo com características chinesas pode desenvolver a China", disse. "A economia de mercado socialista permitiu que a China se tornasse a segunda maior economia do mundo", acrescentou.

No discurso, o líder chinês assegurou que, para atingir este objetivo em 2049, quando se celebram cem anos desde a fundação da República Popular da China, o país "deve continuar a adaptar o marxismo ao contexto chinês".

O objetivo final, no entanto, é o "grande rejuvenescimento da nação chinesa", algo "historicamente inevitável" e para o qual Xi avisou que os chineses devem "estar preparados para trabalhar mais do que nunca".


O presidente chinês sublinhou a liderança do PCC em ajudar o povo, "os verdadeiros heróis", e alcançar objetivos como a "modernização socialista".
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