“Devido à recusa repetida e claramente expressa do lado ucraniano em renovar esses acordos, a Gazprom foi privada da capacidade técnica e legal de fornecer gás para trânsito pelo território da Ucrânia a partir de 1.º de janeiro de 2025", anunciou a empresa russa
Gazprom, na quarta-feira, através de uma publicação no Telegram.
A partir das 8h00 de Moscovo, menos três horas em Lisboa, o fluxo de gás russo foi interrompido, segundo a empresa.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinalou a data através de uma publicação nas redes sociais em que considerou tratar-se de "uma das maiores derrotas" do presidente russo desde o início da guerra.
"Quando Putin assumiu o poder na Rússia, há mais de 25 anos, a
transferência anual de gás através da Ucrânia para a Europa era de mais
de 130 bilhões de metros cúbicos. Hoje, o trânsito de gás russo é zero.
Essa é uma das maiores derrotas de Moscovo", declarou.
A Comissão Europeia afirmou que a UE estava preparada para lidar com a interrupção do fluxo de gás russo, minimizando o impacto da interrupção das exportações.
"A infraestrutura europeia de gás é suficientemente flexível para
fornecer gás de origem não russa à Europa Central e Oriental através de
rotas alternativas", disse um porta-voz.
"Foi reforçada com novas capacidades significativas de importação de gás natural liquefeito (GNL) desde 2022", acrescentou.
Desde o início da invasão da Ucrânia
que a UE reduziu significativamente as importações de gás da Rússia e procurou fontes alternativas de gás natural no Catar e EUA
e de gás canalizado proveniente da Noruega, Países Baixos e da Bélgica.
"Impacto drástico"
Apesar da preparação da maioria dos Estados-membros da UE para a mudança, países da Europa oriental, como a Eslováquia e a Áustria, continuaram a depender em grande
escala dos fornecimentos de gás da Rússia e poderão vir a pagar um preço mais caro.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, disse na quarta-feira que a interrupção do fluxo de gás através da Ucrância terá um impacto "drástico" nos países da UE, mas não na Rússia, argumentando que levaria a um aumento dos preços do gás e da eletricidade na
Europa, nomenadamente na Eslováquia.
O líder eslovaco, pró-russo, alertou que o fim do acordo custaria ao seu país centenas de milhões de euros em rotas alternativas já que a Eslováquia é o principal ponto de entrada de gás russo na UE e que até então Bratislava lucrava com as taxas de trânsito por transportar o gás russo para a Áustria, Hungria e Itália.
Fora do bloco comunitário, a Moldova já está a sofrer os impactos do corte do fornecimento de gás russo, em pleno inverno gelado, de acordo com a
BBC. Na região separatistada Transnístria, que é leal a Moscovo e economicamente dependente do gás russo, o
"ano começou com apenas hospitais e infraestruturas críticas a serem aquecidas, não as casas", relata.
A empresa russa Gazprom anunciou em dezembro que iria interromper o fornecimento de gás para aquele país devido a uma disputa sobre uma alegada dívida de 709 milhões de dólares (cerca de 1,1 mil milhões de euros) relativa a fornecimentos anteriores.
Uma reinvidicação rejeitada pelo Governo moldovo pró-ocidental de Maia Sandu, que acusou Moscovo de utilizar as suas exportações de energias como "táticas de opressão".
c/ agências