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1º aniversário assassínio cineasta Theo van Gogh assinalado 4º feira

por Agência LUSA

A Holanda assinala quarta-feira o primeiro aniversário do assassínio do cineasta holandês Theo van Gogh, cometido por um jovem islamita radical em plena rua de Amesterdão, homicídio que alertou as autoridades para a ameaça do terrorismo islâmico.

Theo van Gogh, conhecido pelas suas críticas contra o Islão e a sociedade multicultural, foi abatido com sete tiros e depois esfaqueado quando andava de bicicleta numa rua muito movimentada de Amesterdão, a 02 de Novembro de 2004.

Depois de matar van Gogh, Mohammed Bouyeri espetou-lhe duas facas no peito e tentou decapitar o cadáver, junto do qual deixou uma carta que ameaçava de morte a deputada liberal holandesa de origem somaliana Ayann Hirsi Ali pelas suas críticas ao Islão.

Pouco antes de ser assassinado, van Gogh tinha dirigido com a deputada Ayan Hirsi Ali uma curta-metragem que denunciava, com imagens provocadoras, a submissão da mulher na religião islâmica e na qual aparecia uma muçulmana meio despida com textos do Corão escritos na pele.

O assassínio do realizador de cinema, que provocou graves sentimentos de medo e de insegurança no seio da sociedade holandesa, foi seguido de uma onda de violência e de confrontos entre os muçulmanos e a população autóctone.

Bouyeri, condenado no passado dia 26 de Julho a prisão perpétua pelo seu crime, afirmou durante o julgamento que, no momento do homicídio, actuou guiado pela sua religião.

A revolta social que despertou o assassínio do realizador causou grande preocupação e, segundo declarações do presidente da Câmara de Amesterdão, o social-democrata Job Cohen, "aumentou a bipolarização entre os estrangeiros e a população autóctone", mas, ao mesmo tempo isso avivou a "energia" das pessoas na luta contra este confronto.

O crime causou uma grande comoção social que "desestabilizou" a sociedade, segundo palavras dos próprios juízes do caso.

Peritos em assuntos de integração fizeram soar o alarme no Governo da Haia, ao considerar que a tolerância entre distintas culturas, habitual no país, começava a quebrar.

Estudos sociológicos posteriores revelaram que o interesse dos holandeses em relacionar-se com a população muçulmana do país era muito baixo, mesmo antes do assassínio de Theo van Gogh.

Uma recente investigação do instituto NIPO, citado hoje pelo diário De Volkskrant, constatou que uma quarta parte dos marroquinos e uma sexta parte dos turcos residentes na Holanda não se sentem em casa.

Outros estudos semelhantes mostram que os turcos e os marroquinos residentes na Holanda se sentem orgulhosos da sua cultura, costumes e valores, com os quais procuram identificar-se e que dizem preferir aos dos holandeses.

A deputada Hirsi Ali, que também foi ameaçada de morte pelo radicalismo islâmico, teve de se refugiar num paradeiro desconhecido depois da morte do realizador.

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