MUNDIAL - CRÓNICAS DE BASTIDORES

por RTP

Não me mudem de hotel!!! (Paulo Sérgio)

Estou no Qatar há quase um mês e acho que posso dizer com alguma razão que já conheço razoavelmente a cidade de Doha, até porque já aqui tinha estado em dezembro de 2019, quando o Flamengo, então treinado por Jorge Jesus, esteve no mundial de clubes e também em fevereiro deste ano, em gozo de férias. De 2019 para agora passarem três anos e de uma cidade literalmente transformada num gigantesco estaleiro de obras, a capital do Qatar está agora mais do que preparada para este evento – mal seria – se bem que haja alguns edifícios que estão por acabar, talvez porque a pandemia lhes tenha pregado uma enorme partida e o dinheiro para a sua conclusão tenha, entretanto, acabado.

Na equipa da Antena 1, eu seria sempre o jornalista que terminaria a cobertura do mundial quando Portugal fosse eliminado, já que o Nuno Matos, o meu companheiro de jornada, continuaria sempre até ao fim. Como a seleção nacional ainda por cá anda, eu também continuo e, por isso, já tive de mudar de hotel por três ocasiões. Na fase de grupos ficamos num hotel na zona de Al Sadd, muito bem situado, perto do centro, acessível a todos os estádios e ao centro de imprensa e com uma estação de metro à porta. Para além de que estava muito bem servido de restaurantes, cafés e lojas, tudo aberto, pelo menos até às duas da manhã. Quando a equipa avançou, para os oitavos de final, passamos para a West Bay, uma zona conquistada ao mar, junto ao centro financeiro, ao lado da Qatar Energy, talvez a empresa mais rica do mundo por causa do gás natural que explora e exporta, e para um hotel gigantesco, com quatro torres de trinta e cinco andares cada, e com milhares de hóspedes.

Agora que a seleção nacional está nos quartos de final, voltamos a mudar de hotel e para uma unidade mais pequena, muito mais pequena, cheia de adeptos, e que fica no meio de uma zona dominada pela comunidade indiana e turca, com os seus restaurantes, lojas, supermercados, mas também com os barbeiros tradicionais e com as suas casas de chá e café. De um momento para o outro até parece que estou noutra cidade de Doha, menos cosmopolita, menos moderna, mas mais tradicional, mais genuína e culturalmente mais rica. Quero aqui ficar até dia 19, ou seja, até à final! Não me mudem de hotel, por favor…
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