ISTO NÃO É UM MUNDIAL (Paulo Sérgio)
Quem tem alguma experiência de cobertura de grandes eventos, como é este, o mundial do Qatar 2022 tem mais de Jogos Olímpicos do que de um campeonato do mundo de futebol. O facto de tudo estar concentrado em cinquenta quilómetros faz com que, para um jornalista, tudo seja de acesso muito fácil, tanto mais que as linhas de metro que ligam praticamente todos os estádios, bem como a rede de autocarros, permitem que possamos assistir ou fazer a cobertura de muitos dos eventos que em condições normais não seria possível fazer.
Só para terem uma ideia, em 2014, estive no Brasil para fazer a cobertura da seleção portuguesa que estava baseada em Campinas, nos arredores de São Paulo. Para chegarmos a Manaus foram quatro horas de avião, mais ou menos a ligação entre Lisboa e Varsóvia, a capital da Polónia. Aqui no Qatar, ontem de manhã fui fazer uma reportagem à única igreja Católica de Doha, depois fui à conferência de imprensa do Brasil, no centro da cidade, e só não fui ver o Argentina/Polónia, no estádio 974, junto ao aeroporto, porque não achei interessante para a cobertura da Antena 1.
Daqui a quatro anos voltamos ao normal, com o mundial a ser repartido por México, Estados Unidos da América e Canadá, voltamos a ter de percorrer longos percursos de avião, as equipas voltam a ter um centro de estágio, numa determinada cidade, de onde saem para fazerem todos os jogos e depois regressarem. Os jornalistas e adeptos vão voltar a perder inúmeras horas nos aeroportos e em viagens. Basicamente andaremos, como sempre, com a casa às costas como o caracol. No fundo, o mundial volta a ser um mundial…E não é que até tenho saudades disso.