A FESTA DA MANCHA VERDE (Paulo Sérgio)
Já dentro do estádio e depois de ter ido buscar os bilhetes, mesmo para os jornalistas só a credencial não dá, sequer, para nos sentarmos e ver o jogo, subi para o meu lugar que ficava no sexto piso. Ao meu lado direito, estavam milhares e milhares de adeptos da Arábia Saudita. Estavam em minoria, é verdade, os argentinos que ocupavam o outro lado do estádio, ao meu lado esquerdo, estavam em maioria. Também aqui estavam a ganhar. Não por goleada, como no metro, mas ganhavam tranquilamente. Mais descansados devem ter ficado quando Messi abriu a contagem aos dez minutos. Ao meu lado, dois irmãos sauditas deliciavam-se com o astro argentino e festejavam os golos anulados aos sul americanos como se fossem deles. O melhor estava mesmo reservado para a segunda parte, ao primeiro golo festejaram, mas com alguma contenção, já ao segundo, pode-se dizer com propriedade que foi o fim do mundo porque um deles tinha um cachorro na mão e uma coca cola na outra, escusado será dizer que a minha camisa foi diretamente para o saco da roupa suja. A partir daí foi sempre a abrir. Não foi bar aberto porque por estas bandas isso não é bem visto. A mancha verde tomou conta do estádio, das imediações, do centro da cidade e, obviamente, do metro. No regresso, os argentinos vinham tristes e calados, já os sauditas…ui que festa! Foi um verdadeiro David contra Golias. Ainda bem que o futebol ainda é um desporto e que nem sempre ganham os mais fortes.