A CAMINHO DE DOHA (João Miguel Nunes)
O voo direto, que nos levou em 2019, deixou de existir. Por isso, fiz escala em Madrid, onde me encontrei com o Pedro Pena, repórter de imagem que saiu do Porto.
Depois do almoço, fomos em busca da porta de embarque que nos levaria até Doha. Papéis todos em ordem, aplicações para entrar no país testadas e tudo pronto para seguirmos viagem.
Vá-se lá saber porquê, o "Hayya Card" do Pedro, guardado numa aplicação móvel, teve um curto circuito e deixou de funcionar. As ordens da companhia aérea foram claras: sem o cartão que permite a entrada no país a funcionar, nada feito e fica em terra.
Começou uma aventura de telefonemas para desbloquear o erro tecnológico. Estava tudo certo, mas a tecnologia queria mesmo tramar a viagem ao Pedro. Ao telefone, desde o Qatar, o Juan Carlos, simpático colombiano fã do James Rodriguez, bem que tentava arranjar forma da autorização para o embarque chegar. No sistema, a que ele tinha acesso, estava tudo certo e aprovado. Mas a aplicação teimava em não colaborar.
Contas feitas, o Pedro teve de ficar em Madrid. Vim sozinho e sem hipótese de continuar a conversar com ele sobre ideias para reportagem.
Aproveitei para iniciar conversações de amizade com os meus colegas de banco neste voo. O Liang é chinês e está de regresso a casa, depois de ter estado a trabalhar na Colômbia. Não é um pro no inglês, mas conseguimos conversar. Uma conversa inacabada, o conhecimento da língua não foi o suficiente para perceber se vive em Doha ou se a viagem era para um voo de escala.
O Zubair é do Bangladesh e mal ouviu a palavra Portugal respondeu Ronaldo. O craque acabou por dominar a conversa, fiquei sem saber porque estava a bordo.
O Liang e o Zubair ficaram sem conhecer outro craque português, o Pedro.
O erro tecnológico ficou resolvido mas só a tempo do voo das 22h...