Quase metade da população residente em Portugal aposta em jogos da fortuna ou azar, sendo a prevalência mais elevada entre os homens, revela hoje um estudo do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).
Na população mais jovem (15-34 anos) a prevalência de jogadores é "um pouco inferior", situando-se nos 42,8%, refere o estudo, que observou uma descida de quase 20 pontos percentuais para o total da população face a 2012.
O estudo, iniciado em 2001 e que foi replicado em 2007, 2012, e em 2016/2017, envolvendo uma amostra de 12 mil inquiridos, representativa da população geral entre os 15 e os 74 anos, estimou a prevalência das práticas de jogo a dinheiro e a prevalência dos consumos do álcool, tabaco, medicamentos e de substâncias psicoativas ilícitas em Portugal.
Segundo o teste `South Oaks Gambling Screen`, baseado em 20 indicadores que visam identificar jogadores patológicos, 46,2% da população "não apresenta quaisquer problemas de dependência" destes jogos.
Comparativamente a 2012, as prevalências de jogadores com alguns problemas e com probabilidade de serem jogadores patológicos subiu de 0,3% para 1,2% e de 0,3% para 0,6%, respetivamente.
Os resultados provisórios do IV Inquérito Nacional à População Geral 2016/2017 mostram também as "taxas de continuidade do consumo de substâncias psicoativas".
Estas taxas são mais altas nas substâncias lícitas, principalmente no álcool (cerca de 70%), e mais baixas nas ilícitas, sobretudo nas anfetaminas e nos cogumelos alucinogénios (entre 0% e 1%)".
"São mais elevadas entre os homens", exceto no consumo de cocaína e heroína, e nos jovens adultos, com exceção do álcool e medicamentos.
Face a 2012, subiram as taxas de continuidade do consumo de tabaco, medicamentos, `cannabis`, heroína e das novas substâncias psicoativas.
Outra das conclusões do estudo aponta que a grande maioria da população geral "é abstinente do consumo de substâncias psicoativas ilícitas" (90% no que respeita a qualquer substância ilícita, chegando aos 99,8% relativamente aos cogumelos alucinogénios e novas substâncias psicoativas).
No caso dos medicamentos, esta percentagem cai para os 87,5%. Cerca de metade da população é abstinente de álcool.
Segundo o estudo, é de 1% a prevalência da população que consome abusivamente álcool, sendo "bastante mais elevada" nos homens (1,7%) do que nas mulheres (0,4%) e na população entre os 35 e os 64 anos.
De todas as substâncias, o tabaco é a que têm o consumo diário mais frequente (mais de 90% dos consumidores), seguindo-se os medicamentos e o álcool.
Entre as substâncias ilícitas, a `cannabis` é a que apresenta um maior número de declarações de consumo com uma frequência mais regular.
Já 0,6% da população apresenta um risco moderado ou elevado associado ao consumo de `cannabis`.