PR argentino justifica vedar agência noticiosa Télam para evitar "conflito físico"

por Lusa

O presidente argentino, Javier Milei, atribuiu esta terça-feira a decisão de vedar o acesso ao edifício da agência noticiosa pública Télam à intenção de evitar um "conflito físico" entre os funcionários, uma centena dos quais afirmou serem `hooligans`.

"Imaginam o que seria deixar o edifício Télam aberto para eles o ocuparem? Com a ministra da Segurança [Patricia Bullrich], decidi que íamos colocar vedações e que ninguém entraria", declarou Milei, assegurando que "quem ia fazer confusão não eram os jornalistas", mas sim os cem "barrabravas" (nome dado aos fanáticos de futebol na América Latina) que há entre os empregados da Télam.

Milei censurou o facto de este tipo de empresa pública ser utilizada pela classe política para empregar funcionários seus apoiantes e atacou aqueles que "estão a chorar" devido encerramento da agência de notícias, noticiou o diário argentino Clarín.

As autoridades argentinas confirmaram na segunda-feira o encerramento da agência Télam, uma decisão que o chefe de Estado já tinha anunciado há dias e que foi justificada com o prejuízo estimado em 20 mil milhões de pesos (cerca de 21 milhões de euros) que o órgão de comunicação social ia registar este ano.

Já na campanha presidencial, Milei prometera fechar a Télam e, no fim de semana passado, reiterou a promessa, argumentando que a agência estatal argentina "foi usada nas últimas décadas como agência de propaganda `kirchnerista`", numa referência aos Presidentes da Argentina Nestor Kirchner (2003-2007) e sua mulher, Cristina Kirchner (2007-2015).

A agência de notícias Télam foi fundada em 1945 por Juan Domingo Perón -- que seria chefe de Estado da Argentina durante três mandatos (1946-1952, 1952-1955 e 1973-1974) - para contrapor as informações divulgadas pelas agências noticiosas estrangeiras na época.

Esta não é a primeira vez que se tenta diminuir a influência de uma agência em que, no início do Governo do Presidente da República Mauricio Macri (2015-2019), foram despedidos mais de 350 trabalhadores, que mais tarde foram reintegrados por ordem judicial, numa manobra que custou ao Estado centenas de milhões em indemnizações.

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