PR angolano exonera ministro do Interior e nomeia governador de Luanda para o cargo
O presidente angolano, João Lourenço, exonerou esta quinta-feira o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, nomeando para o seu lugar o atual governador de Luanda, Manuel Homem.
Para substituir Manuel Homem, foi indicado o governador de Benguela, Luís Nunes.
Com Eugénio Laborinho saem também o seu secretário de Estado para o Interior, José Paulino Cunha da Silva, e o Secretário de Estado para o Asseguramento Técnico, Carlos Armando Albino.
A liderança de Eugénio Laborinho na pasta do Interior ficou marcada por diversas polémicas como a frase "a polícia não está para distribuir chocolates e rebuçados", aplicada a cargas policiais sobre manifestantes em 2020, e pelas suspeitas lançadas pelo denunciante angolano "Man Gena", que foi extraditado de Moçambique, onde se refugiou, depois de ter supostamente recebido ameaças de morte por ter denunciado nas redes sociais ligações de altos oficiais da polícia ao tráfico de droga.
Mesmo assim, Eugénio Laborinho manteve-se como um dos mais duradouros ministros do executivo de João Lourenço, que o nomeou em 2019 e manteve no seu segundo mandato, conquistado nas eleições gerais de 2022.
Na semana passada, João Lourenço exonerou os diretores nacionais do Serviço de Migração e Estrangeiros e do Serviço de Investigação Criminal, pouco depois de, no seu discurso sobre o Estado da Nação, a 15 de outubro, ter acusado políticos e parlamentares de estarem ligados a crimes de contrabando e vandalização de vens públicos.
Na altura, João Lourenço afirmou que "o aumento do contrabando de combustíveis, o dano ambiental resultante da exploração ilegal de minerais estratégicos e de madeira", e o reinvestimento público necessário devido à vandalização de bens públicos, obriga a unir esforços numa "cruzada nacional contra estes tipos de crime".
"Os seus autores, os compradores do produto do roubo, mas sobretudo os instigadores e fomentadores, devem ser exemplarmente punidos", sublinhou o Presidente, frisando que "lamentavelmente, alguns deles são políticos e parlamentares".
O tema do contrabando de combustíveis tem estado na ordem do dia desde que o Governador do Zaire pediu a intervenção de João Lourenço para travar este "cancro", durante a visita do chefe do executivo angolano àquela província, em agosto.
Nas redes sociais têm-se sucedido notícias sobre apreensão de combustível e especulações sobre crimes relacionados com contrabando que levaram o Comando Provincial da Polícia Nacional na Lunda-Norte a negar, na quarta-feira, um suposto envolvimento de viaturas da Casa Militar do Presidente da República em atos de contrabando de mercadorias.
Na terça-feira, a vice-procuradora geral da República, Inocência Pinto, confirmou que estavam a ser investigado cidadãos suspeitos de envolvimento no contrabando de combustível.
No mês passado, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, denunciou, na cidade do Soyo, província do Zaire, o envolvimento de altos dirigentes do país no contrabando de combustível para a República Democrática do Congo (RDCongo).
Francisco Furtado afirmou que há individualidades identificadas envolvidas nesse fenómeno, incluindo governantes, antigos governantes, oficiais generais, oficiais comissários, autoridades administrativas a nível provincial e municipal, além de autoridades tradicionais.