Políticos democratas que pedem a Biden que abandone corrida eleitoral já são quase 20

por Lusa

Quase 20 democratas do Congresso norte-americano já pediram a Joe Biden que abandone a corrida à Casa Branca, evidenciando a crescente resistência que o presidente dos Estados Unidos enfrenta à sua campanha de reeleição.

As preocupações em torno da idade de Biden (81 anos) e das suas condições físicas e cognitivas não são um tema recente, mas ganharam maior dimensão após o amplamente criticado desempenho do chefe de Estado num debate contra o ex-presidente e potencial candidato republicano Donald Trump, no final de junho.

Até ao momento, pelo menos 17 democratas na Câmara dos Representantes pediram a Biden que se retire da disputa eleitoral, que poderia garantir-lhe mais quatro anos de Governo.

O congressista do Texas Lloyd Doggett tornou-se o primeiro democrata da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) a pedir publicamente um novo candidato presidencial para o seu partido: "Há muito em jogo para arriscar uma vitória de Trump", argumentou.

A partir daí, dia após dia, essa lista de congressistas democratas só aumentou: Marie Gluesenkamp Perez (Washington), Greg Stanton (Arizona), Raul Grijalva (Texas), Mike Quigley (Illinois), Angie Craig (Minnesota), Adam Smith (Washington), Mikie Sherrill (Nova Jérsia), Seth Moulton (Massachusetts), Pat Ryan (Nova Iorque), Earl Blumenauer (Oregon), Hillary Scholten (Michigan), Brad Schneider (Illinois), e Ed Case (Havai).

Eric Sorensen, do Illinois, Jim Himes, de Connecticut, e Scott Peters, da Califórnia, foram os últimos congressistas democratas a pedir, ao longo de quinta-feira, a desistência de Biden, enquanto o Presidente servia de anfitrião à Cimeira de Washington da NATO, que tentou aproveitar para mostrar trabalho feito e capacidade.

O senador Peter Welch, de Vermont, tornou-se na quarta-feira o primeiro --- e até agora único --- senador norte-americano a pedir publicamente que Biden, ex-senador, se afaste, avaliando que essa desistência seria para a "bem do país".

Além de membros do Congresso, também o ator e apoiante do Partido Democrata George Clooney juntou-se esta semana, num artigo de opinião no jornal The New York Times, aos apelos a que Joe Biden abandone a corrida presidencial norte-americana.

Algumas semanas depois de ter protagonizado uma angariação de fundos que alcançou um montante recorde para a campanha de reeleição do atual Presidente, Clooney garantiu adorar Biden, mas defendeu que com ele como candidato o Partido Democrata perderia a corrida presidencial e o controlo no Congresso.

"Esta não é apenas a minha opinião; é a opinião de todos os senadores, membros do Congresso e governadores com quem falei em privado", escreveu Clooney.

A estrela de cinema de Hollywood argumentou que o partido deveria escolher um novo candidato na convenção do próximo mês, assumindo que o processo seria "confuso", mas "despertaria" os eleitores a favor dos democratas.

No artigo, menciona em particular como exemplos de responsáveis que o país deveria ouvir agora a vice-presidente, Kamala Harris, e os governadores Wes Moore de Maryland, Gretchen Whitmer do Michigan e Gavin Newsom da Califórnia.

Também Nancy Pelosi, antiga Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e uma das principais figuras do Partido Democrata, sugeriu que Biden deveria repensar a sua candidatura.

"Cabe ao Presidente decidir se se vai candidatar. Estamos todos a encorajá-lo a tomar essa decisão, porque o tempo está a esgotar-se", disse Pelosi, em declarações ao programa "Morning Joe" da MSNBC, quando lhe perguntaram se Biden tinha o seu apoio explícito.

Apesar de Joe Biden advogar que o seu desempenho no debate com Trump não passou de uma "má noite", para a qual contribuíram vários fatores, como uma gripe e cansaço acumulado, vários jornais viram a performance do chefe de Estado como reveladora das suas fragilidade e juntaram-se aos apelos em prol da desistência do democrata.

E a primeira dessas reações veio da parte do conselho editorial do The New York Times, um dos jornais mais influentes entre progressistas e democratas dos Estados Unidos, que fez o apelo poucas horas depois do desastroso debate de Biden, instando o Presidente a ceder o lugar a outro candidato.

Biden procurou afastar a pressão concedendo uma entrevista à televisão ABC e com uma longa conferência de imprensa na quinta-feira. Para segunda-feira tem prevista outra entrevista, à NBC.

Mas várias `gaffes`, incluindo ter apresentado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como "Presidente Putin" em plena cimeira da NATO, têm mantido dúvidas sobre a sua capacidade para mais quatro anos de mandato.

A Convenção Nacional Democrata, onde o partido deve nomear formalmente Biden como seu candidato presidencial, será realizada em Chicago de 19 a 22 de agosto.

Já a Convenção Nacional Republicana, em que Donald Trump deverá ser oficializado como o candidato presidencial do partido, arranca na segunda-feira em Milwaukee, no estado do Wisconsin, e decorrerá até quinta-feira.

 

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