PM de Cabo Verde pede segurança e controlo nos países de origem dos migrantes

por Lusa

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, admitiu esta quinta-feira que o fenómeno das migrações é "muito complexo", mas pediu segurança global para o seu controlo nos países de origem.

"Tudo isto é algo que não depende de um país só, muito menos de Cabo Verde, mas, no concerto das Nações, [é preciso] encontrar a melhor solução relativamente à questão das migrações", pediu o chefe do Governo cabo-verdiano, na cidade da Praia.

Esta semana, dois barcos artesanais deram à costa da ilha cabo-verdiana de São Vicente, um deles com 11 pessoas, de nacionalidade maliana, suspeitando-se que tenha estado à deriva desde a Mauritânia.

A primeira embarcação teria 65 pessoas à partida, sendo que cinco chegaram com vida ao arquipélago, mas um acabou por falecer no hospital.

O primeiro-ministro sublinhou que Cabo Verde não é um destino das pessoas que entram nas pirogas alimentando a emigração ilegal, mas sim a Europa.

Mas, chegando ao arquipélago, disse que as autoridades locais garantem o acolhimento, prestando assistência médica e social, para depois fazer o repatriamento.

"Este controlo é muito complexo, envolve países do mundo inteiro para garantir que haja segurança, condições de vida das pessoas nos seus países, segurança para controlar esses fenómenos que estão muitas vezes ligados àqueles que se aproveitam da fragilidade das pessoas para ganhar dinheiro", salientou.

Na quarta-feira, o ministro da Administração Interna cabo-verdiano, Paulo Rocha, disse à Lusa que os alarmes deviam disparar antes da morte dos migrantes que arriscam viajar de África para as Canárias em embarcações que depois chegam a Cabo Verde à deriva.

O Governo cabo-verdiano já solicitou o apoio da Organização Internacional das Migrações (OIM) para acompanhar o caso e os náufragos.

O movimento migratório dura há vários anos e leva muitos a arriscar a vida em barcos precários para fugir da pobreza, violência e instabilidade no continente, partindo dos países da África Ocidental e procurando porto seguro.

Além dos dois barcos artesanais que encalharam na ilha de São Vicente, no domingo e hoje, registaram-se outros três casos nos últimos 16 meses.

Em novembro de 2022, uma embarcação com 66 imigrantes senegaleses deu à costa, na ilha do Sal.

Em janeiro de 2023, uma piroga chegou à ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo, dois deles mortos.

Um barco que partiu do Senegal em julho de 2023, com 101 pessoas, foi encontrado à deriva junto à ilha do Sal, Cabo Verde, em agosto, com 38 sobreviventes, assistidos e repatriados.

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