O partido político conservador argentino Proposta Republicana (PRO), fundado pelo ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), apresentou um projeto de lei para privatizar as Aerolíneas Argentinas, algo que o governo de Javier Milei já havia tentado, sem sucesso.
O projeto de lei foi apresentado pelo deputado Hernán Lombardi e é subscrito por outros 20 deputados do PRO, um aliado fundamental no Congresso do partido de Milei, La Libertad Avanza (ultra direita).
"A privatização permitirá que a Aerolíneas Argentinas opere sob critérios de eficiência comercial, melhorando a qualidade do serviço e gerando um ambiente mais competitivo que beneficiará todos os cidadãos", diz o texto apresentado por Lombardi à Câmara dos Deputados.
"Nos últimos anos, viajar na companhia aérea de bandeira tornou-se um privilégio para poucos, financiado por aqueles que mal conseguem cobrir as suas necessidades básicas", argumenta o projeto de lei, que refere que, em 2023, a companhia aérea registou perdas de cerca de 200 milhões de dólares.
Também denuncia "anos de corrupção", o "uso da empresa como um nicho para acomodar a militância partidária" e a "extorsão de alguns sindicatos", algo que, segundo o projeto, "custou milhões de dólares a todos os argentinos".
Este projeto surge alguns meses depois de a tentativa de Milei de privatizar a Aerolíneas Argentinas ter sido frustrada - pelo menos temporariamente - devido à falta de apoio no Congresso, nas negociações que resultaram na aprovação da Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos.
Por outro lado, a iniciativa apresentada pelo PRO surge num contexto de grande tensão em torno de uma série de ações sindicais do pessoal das companhias aéreas.
Na sexta-feira passada, uma greve de nove horas dos trabalhadores das companhias aéreas obrigou à reprogramação de cerca de 185 voos, afetando aproximadamente 15.000 passageiros.
O presidente das Aerolíneas Argentinas, Fabián Lombardo, qualificou a ação de "selvagem" e considerou que os sindicatos envolvidos "não compreenderam que a Argentina mudou".