Morreu o senador republicano norte-americano John McCain aos 81 anos

por RTP
A última vez que John McCain esteve no Senado norte-americano foi em dezembro de 2017 Brian Snyder - Reuters

O senador republicano norte-americano John McCain morreu no sábado, vítima de um cancro no cérebro, um dia depois da sua família ter anunciado que o senador tinha decidido parar com o tratamento da doença.

O herói de guerra, candidato às eleições dos Estados Unidos contra Barack Obama, morreu aos 81 anos.

"O senador John Sidney McCain III faleceu às 16:48 do dia 25 de agosto de 2018. A sua mulher Cindy e a sua família estavam junto do senador quando ele morreu", declarou o gabinete do senador republicano em comunicado.

 


Cindy McCain escreveu no Twitter que o senador “morreu como viveu: nos seus termos, rodeado pelas pessoas que amava, no local que ele mais amava”. A mulher de McCain confessa: Tenho o coração partido”.;

John McCain sofria de um cancro no cérebro, diagnosticado em julho de 2017. Na sexta-feira, a família anunciou que o republicano tinha decidido parar com o tratamento da doença.

Herói de guerra no Vietname

Tal como o pai e avô, almirantes de quatro estrelas, John McCain dedicou-se a servir o país: primeiro como piloto de caça e depois como político.

Em 1967 o seu avião foi abatido durante uma missão de bombardeamento no norte do Vietname. John McCain, gravemente ferido com fraturas nos dois braços e no joelho direito, é detido pelas forças vietnamitas e passa mais de cinco anos como prisioneiro de guerra, até 1973. Foi torturado que lhe provocaram incapacidades permanentes.

Ao regressar aos Estados Unidos foi recebido como herói na Casa Branca pelo então Presidente Richard Nixon.

Aposentado da marinha em 1981, McCain mudou-se para o estado do Arizona e foi aí que desenvolveu a maior parte da carreira política, tendo sido eleito para a Câmara dos Representantes em 1982 e para o Senado em 1986.


Como político, defendeu o reatamento das relações diplomáticas com o Vietname e opôs-se ferozmente à tortura, denunciando as práticas usadas pelos serviços secretos norte-americanos (CIA) em interrogatórios sob a Presidência de George W. Bush, depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, que levaram à invasão do Iraque, em 2003. Defendeu o encerramento da prisão de Guantanamo, destinada a suspeitos de terrorismo.

Nas suas memórias, em 2002, escrevia: "Sou uma mente independente, um bem informado servidor público para alguns. Para outros, sou um auto-intitulado dissidente chato [pain in the ass]".

 


Em 2000 tentou concorrer pela primeira vez à presidência norte-americana, mas perdeu nas primárias republicanas contra George W. Bush.

À segunda tentativa, em 2008, foi o candidato republicano escolhido, derrotando Mike Huckabee, Rudolph Giuliani e Mitt Romney nas primárias. Tinha então 72 anos.

Mais tarde, perdeu a corrida à Casa Branca para o vencedor das primárias do Partido Democrata, Barack Obama, regressando ao cargo de senador pelo estado do Arizona.

McCain e Trump

Desde dezembro de 2017 que McCain não comparecia às sessões do Senado devido aos problemas de saúde.

Poucos dias depois de conhecer o diagnóstico, em julho de 2017, McCain atrasou o início do tratamento para votar, juntamente com outros dois republicanos, contra a revogação do Obamacare, do ex-Presidente norte-americano Barack Obama, contrariando os planos do atual líder da Casa Branca, Donald Trump, que queria pôr fim à reforma na Saúde implementada pelo antecessor.

Em maio, o senador republicano começou a preparar a sua cerimónia fúnebre, juntamente com amigos mais próximos e conselheiros, e terá expressado que não queria a presença de Trump.

Era conhecido pelo seu temperamento e por não se colocar de lado numa luta. Teve várias com Donald Trump. Como o momento em que, numa votação pouco depois de uma operação em 2017, colocou o polegar para baixo, num sinal de desaprovação contra a iniciativa de Trump para anular o programa de saúde "Obamacare". Trump terá ficado furioso com o voto de McCain e referiu-se a ele várias vezes em comícios, sem expressar o nome de McCain.

McCain opôs-se à retórica anti-imigração do também republicano Donald Trump. Numa troca de acusações, o presidente norte-americano disse que McCain não era um herói de guerra, acrescentando que "gostava das pessoas que não foram capturadas". Depois da eleição de Trump, McCain insurgiu-se contra as tentativas de ataque à liberdade de imprensa e contra o "ilegítimo" nacionalismo.

Recentemente, McCain foi uma das vozes críticas sobre o encontro de Donald Trump com o presidente russo Vladimir Putine.

O Presidente dos Estados Unidos reagiu à morte no sábado do senador norte-americano John McCain, vítima de um cancro no cérebro, com "a mais profunda simpatia e respeito".

 

c/Lusa 

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