EUA defendem que resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre Rafah "não ajuda"

por Lusa

Os Estados Unidos defenderam esta quarta-feira que uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, para o fim imediato da ofensiva israelita em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, não irá alterar a "dinâmica no terreno".

Depois de um ataque israelita, no domingo, a um campo de deslocados em Rafah que, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, causou 45 mortos, a Argélia marcou de urgência uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.

Os argelinos entregaram aos restantes membros um projeto de resolução, que "decide que Israel, o poderoso ocupante, deve parar imediatamente a sua ofensiva militar e qualquer outra ação em Rafah", noticiou a agência France-Presse (AFP).

O texto, para o qual não está prevista votação nesta fase, exige também "um cessar-fogo imediato respeitado por todas as partes" e "a libertação incondicional de todos os reféns".

Mas para as autoridades norte-americanas, uma nova resolução não irá "mudar a dinâmica no terreno".

"Provavelmente não ajudaria", destacou o vice-embaixador norte-americano na ONU, Robert Wood, repetindo que os Estados Unidos, que não hesitam em usar o seu veto no Conselho para proteger o seu aliado israelita, continuam a favorecer as negociações na região para alcançar uma trégua.

O texto argelino "é desequilibrado e não menciona um simples facto (...), não diz que o Hamas é responsável por este conflito", acrescentou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, em Washington.

Kirby vincou também que o líder do movimento islamita palestiniano em Gaza, Yahya Sinouar, pode por fim ao conflito aceitando um acordo de trégua.

No início de maio, as conversações indiretas entre Israel e o movimento palestiniano, através do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos, não resultaram num acordo de trégua associado à libertação de reféns e prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

Sobre a nova reunião do Conselho de Segurança da ONU, muitos Estados-membros aludiram à decisão vinculativa do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que ordenou Israel, em 24 de maio, a parar imediatamente com a sua ofensiva militar em Rafah.

"Este Conselho deve manifestar-se urgentemente sobre a situação em Rafah e exigir o fim desta ofensiva", defendeu o embaixador francês, Nicolas de Rivière.

"Quando é que isto vai acabar? Quem pode acabar com isto?", questionou, por sua vez, a embaixadora guiana, Carolyn Rodrigues-Birkett.

Desde o início da guerra em Gaza, o Conselho de Segurança tem lutado para falar a uma só voz.

Depois de duas resoluções focadas principalmente na ajuda humanitária, no final de março este órgão exigiu finalmente um "cessar-fogo imediato" durante o Ramadão, uma resolução anteriormente bloqueada várias vezes pelos Estados Unidos, que dessa vez se abstiveram.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.189 pessoas, na maioria civis.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - fez também 252 reféns, 121 dos quais permanecem em cativeiro e 37 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 236.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 36.100 mortos, 81.400 feridos e cerca de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

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