Bitcoin e ideia de Elon Musk na agenda económica de Trump

por Lusa
Jim Lo Scalzo - EPA

O candidato republicano Donald Trump prometeu esta quinta-feira tornar os Estados Unidos na "capital mundial do bitcoin e das criptomoedas", caso em novembro seja reeleito Presidente, e defendeu a criação de uma comissão de eficiência proposta pelo empresário Elon Musk.

 

Num discurso para líderes empresariais no Clube Económico em Nova Iorque, o ex-presidente começou por atacar a política económica do Governo de Joe Biden e criticou o plano tributário recentemente anunciado pela vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris.

"Temos um desastre económico nas nossas mãos. Temos uma economia em crise, uma nação falida e uma nação em sério declínio sob as políticas radicais do meu antigo oponente, Joe Biden, e da minha nova oponente, Kamala Harris", afirmou.

Apresentando as propostas económicas que promete colocar em prática se for eleito em 05 de novembro, Trump garantiu que transformará os Estados Unidos na "capital mundial do bitcoin e das criptomoedas".

"Estou a prometer hoje que, no meu segundo mandato, eliminaremos um mínimo de 10 regulamentações antigas para cada nova regulamentação", disse.

"Em vez de atacar as indústrias do futuro, iremos apoiá-las, nomeadamente fazendo dos Estados Unidos a capital mundial do bitcoin e das criptomoedas", acrescentou o ex-presidente.

O magnata republicano defendeu ainda a criação de uma comissão de eficiência governamental, uma ideia de política que lhe foi apresentada pelo empresário bilionário Elon Musk.

Trump indicou que seria o próprio Musk a liderar a comissão, que conduziria uma auditoria abrangente do Governo federal e recomendaria "reformas drásticas" de forma a eliminar gastos desnecessários.

"Criarei uma comissão de eficiência governamental encarregada de realizar uma auditoria financeira e de desempenho completa de todo o Governo federal e de fazer recomendações para as reformas drásticas que precisam de ser feitas. Não podemos continuar como estamos agora", advogou.

Embora Musk já tenha sido um forte apoiante dos democratas e um cético em relação a Donald Trump, o empresário tornou-se mais próximo do magnata republicano nos últimos tempos e declarou o seu apoio ao ex-presidente em julho passado, poucas horas após Trump sobreviver a uma tentativa de assassinato num comício de campanha na Pensilvânia.

Trump descreveu Musk, que segundo a revista Forbes é a pessoa mais rica do mundo, como uma pessoa "agradável e inteligente", que sabe o que "está a fazer".

Em meados de agosto, Musk entrevistou Trump na sua rede social e sugeriu que o candidato presidencial formasse uma comissão que trataria dos gastos públicos de forma a enfrentar a inflação.

Musk disse que "teria todo o gosto em ajudar nessa comissão", tendo publicado hoje na plataforma X que espera "servir os Estados Unidos se surgir a oportunidade" e que não precisa de um salário, de um título ou reconhecimento.

No entanto, os negócios de Musk, incluindo a Tesla e a SpaceX, poderiam gerar um conflito de interesse caso liderasse tal comissão, uma vez que são regulados por diversas agências federais.

De acordo com o jornal New York Times, a empresa de astronáutica SpaceX tem contratos com o Governo federal e a sua empresa de automóveis, a Tesla, beneficiou de créditos fiscais e incentivos governamentais destinados a estimular a produção de veículos elétricos.

Além disso, a empresa de Musk de implantes cerebrais Neuralink é regulamentada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos.

No evento de hoje em Nova Iorque, Trump também disse que os Estados Unidos têm que lutar contra a China e prometeu ainda reduzir a taxa de imposto empresarial de 21% para 15%, mas apenas "para empresas que fabricam os seus produtos nos Estados Unidos".

O candidato republicano repetiu igualmente a sua promessa de aumentar a produção norte-americana de petróleo e gás, que tem estado em níveis recorde sob a administração Biden.

Num ataque a Kamala Harris, que lidera as sondagens para vencer as presidenciais, Trump afirmou que a vice-presidente é alguém que apoia os ideais comunistas, chamando-a de "marxista" e "camarada Kamala Harris".

"Kamala Harris é a primeira grande candidata partidária na história americana que rejeita fundamentalmente a liberdade, abraça o marxismo, o comunismo e o fascismo", indicou, referindo uma proposta da candidata democrata de proibição de "aumentos abusivos de preços" nas indústrias de alimentos e supermercados.

O discurso de Donald Trump em Nova Iorque, que deveria ser sobre economia, desviou-se para outros tópicos, como política externa, incluindo uma longa crítica à retirada dos Estados Unidos do Afeganistão.

Trump também se referiu à eleição de 2020, que perdeu para Joe Biden, como "vergonhosa".

O magnata classificou ainda o Presidente chinês, Xi Jinping, de "duro", "feroz" e "inteligente", expressando a sua admiração pela sua capacidade de governar "com punho de ferro".

 

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