Autoridades russas restringem acessos a cidade junto de central nuclear de Kursk

por Lusa
Maxim Shemetov - Reuters

As autoridades russas restringiram esta quarta-feira a entrada na cidade de Kurchatov, junto da central nuclear de Kursk, alegando o risco de acesso de sabotadores no âmbito da incursão do Exército ucraniano na região desde 06 de agosto.

"A fim de garantir o cumprimento das medidas de segurança adicionais, o posto de comando da operação antiterrorista tomou a decisão de limitar a entrada em Kurchatov", escreveu na rede Telegram o governador em exercício de Kursk, Alexei Smirnov.

O governador salientou que, "embora a segurança da central nuclear de Kursk esteja garantida ao máximo, o Exército ucraniano não desiste das suas tentativas de entrar na cidade".

Para garantir o cumprimento das medidas, serão criados postos de controlo especiais, indicou.

"Os residentes da cidade registados podem entrar livremente em Kurchatov. [Para] aqueles que não estão registados, mas trabalham na cidade, está prevista a possibilidade de receberem passagem segura", acrescentou.

Além disso, segundo o governador, os funcionários da central e os trabalhadores que trabalham na construção de uma segunda unidade em Kurchatov poderão solicitar passes à administração da empresa.

No entanto, os veículos que tradicionalmente atravessam a cidade para outros destinos devem procurar rotas alternativas para evitar a passagem por Kurchatov.

A Guarda Nacional Russa informou hoje a descoberta de alegados fragmentos de um míssil ucraniano HIMARS a cerca de cinco quilómetros da central, anteriormente e alegadamente atacada por `drones`, o que é negado por Kiev categoricamente.

Na véspera, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, inspecionou a central nuclear de Kursk, a cerca de 70 quilómetros da Ucrânia, para avaliar a sua segurança face à intensificação dos combates na região.

Após a visita, Grossi alertou para a possibilidade de um segundo desastre de Chernobyl, no norte da Ucrânia e palco em 1986 da maior catástrofe nuclear da história, considerando extremamente grave que "uma central deste tipo esteja tão perto de uma frente de batalha".

Moscovo acusou hoje a Ucrânia de instigar o "risco nuclear" ao atacar a central de Kursk, alegadamente ameaçada desde a incursão ucraniana há três semanas na região.

"A culpa do lado ucraniano em instigar o risco nuclear é mais do que evidente", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, durante a sua conferência de imprensa diária.

Segundo noticiado hoje pela empresa Rosenergoatom, a central está a funcionar normalmente.

Rafael Grossi anunciou que se vai reunir em breve em Kiev com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cujo Governo negou que pretenda atacar ou assumir o controlo da central nuclear.

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