Ativista moçambicano avança com queixa-crime contra ex-ministro e antigo comandante
O ativista social Wilker Dias, diretor da Plataforma Decide, apresentou uma queixa-crime contra o ex-comandante geral da polícia e o antigo ministro do Interior de Moçambique, responsabilizando-os pelas mortes nos protestos pós-eleitorais.
"Submetemos uma queixa-crime à Procuradoria-Geral da República contra o ex-comandante geral da polícia Bernardino Rafael, mas também contra o ex-ministro do Interior Pascoal Ronda, por conta das mortes ocorridas nas manifestações", avançou à Lusa Wilker Dias, hoje ouvido em Maputo pelo Ministério Público sobre o caso.
Segundo o representante, o processo visa a responsabilização criminal, além de compensações aos familiares das vítimas nas manifestações.
"Fomos ouvidos pela procuradora-geral adjunta do Ministério Público e ela ouviu as nossas inquietações sobre o processo. Também tivemos [informações] (...) sobre o próprio processo, que está a decorrer da melhor forma possível", explicou o diretor da organização não-governamental (ONG) que acompanhou o processo eleitoral no país.
Wilker Dias avançou ainda que, neste momento, estão a ser "colhidos alguns depoimentos" e espera-se mais informações sobre o processo nos próximos dias.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, por Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.