O Sporting continua a fazer uma travessia no deserto desde que João Pereira assumiu o comando do plantel e somou mais uma derrota - a quarta consecutiva. Desta vez foi na Bélgica, perante o Club Brugge. O resultado final de 2-1 lança grandes dúvidas sobre o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões, um objetivo que há duas jornadas, antes da saída de Ruben Amorim, parecia garantido sem necessidade de play-off.
Tal como aconteceu perante o Moreirense (derrota por 2-1), o Sporting entrou bem e colocou-se em vantagem, mas, com o decorrer da partida, existiu um claro divórcio entre jogadores e a equipa técnica de João Pereira, acabando a equipa, sem ter apoio e liderança, por se perder em campo com o decorrer do jogo.
Aliás, em Bruges, foi raro ver algum jogador do Sporting a receber qualquer indicação da sua equipa técnica, algo que chegava até a ser exaustivo na ‘era’ Rúben Amorim.
Por vezes, a imagem passada na Flandres foi mesmo que os jogadores até preferiram ser eles próprios - ou obrigados a isso - a organizarem-se em campo do que procurar alguma indicação de João Pereira ou de alguém do seu ‘staff’.
A verdade é que o Sporting sofreu o quarto desaire seguido em todas as provas, algo que não sucedia há mais de uma década (2012) e, subitamente, ficou com campeonato e oitavos de final da ‘Champions’ em risco.
Para já, os campeões nacionais seguem no 12.º posto, com 10 pontos, situação que permite acesso ao play-off, mas, tendo em conta a fase que se vive em Alvalade, os ‘leões’ arriscam transformar uma campanha que estava a ser histórica na ‘Champions’ num desastre.
Quando é assim, a sorte parece também faltar e isso aconteceu com a lesão de Gonçalo Inácio, que estava no ‘onze’ titular e acabou por não passar do aquecimento, sendo rendido ainda antes do apito final por Matheus Reis, e Eduardo Quaresma, de regresso às opções iniciais, mas que teve de sair perto do intervalo após choque violento, isto já depois do autogolo.
No lance seguinte, ao ter sofrido o golo do empate, o Sporting celebrou com razão a marcação de uma grande penalidade, mas o lance acabou de forma inacreditável por ser revertido para livre direto pelo VAR, quando a falta cometida sobre Maxi Araújo acontece já bem dentro da área.
Com João Simões, de 17 anos, a viver o seu primeiro jogo a titular na equipa principal do Sporting, aproveitando as 'baixas' de Daniel Bragança e Morita, o Sporting chegou ao golo logo na primeira vez que invadiu a área belga, com Catamo a atirar com sucesso numa recarga a um remate de Maxi Araújo, que bateu no poste.
Foi uma fase de total domínio da equipa de João Pereira, que durante os primeiros 20 minutos chegou a ter quase 80% de posse de bola, faltando, contudo, coragem ofensiva, com Gyokeres sempre entregue aos ‘lobos’.
O avançado, a grande sensação do futebol europeu esta temporada, parece um ‘fantasma’ da versão original, estando sempre sozinho na frente e obrigado a ir para cima dos adversários à procura de um milagre ou de imitar um golo como o mítico alcançado pelo 'fenómeno' brasileiro Ronaldo perante o Compostela quando atuava no FC Barcelona, nos anos 90 do século passado.
Sem ter feito muita coisa por isso, o Brugge chegou ao empate, aos 24 minutos, com Tzolis a aparecer solto na área e a atirar para a baliza do regressado Israel, que acabou traído por um toque de Quaresma, quando a bola parecia seguir para fora.
Mesmo com o empate e com o lance do tal penálti que foi subitamente transformado em livre, o Sporting manteve-se em cima da partida, porém, foi o Brugge a criar perigo.
Israel teve de entrar em ação duas vezes, a última com um defesa dolorosa com a cara a impedir a reviravolta.
Na segunda parte, os belgas equilibraram o jogo, acabando o Sporting por não ter tanto a bola, com a partida a ter poucas oportunidades de golo, embora as suficientes para os anfitriões chegar ao triunfo, naquele foi o primeiro duelo de sempre entre os dois emblemas em provas oficiais da UEFA.
Mesmo com Geny Catamo muito ativo na direita, o Sporting foi praticamente inofensivo, novamente com Gyokeres ‘abandonado’ e com Trincão e Quenda, hoje ‘promovido’ ao trio ofensivo, a terem ambos que recuar muito à procura da bola.
Tzolis assustou aos 58 minutos e foi o suplente do grego, o dinamarquês Casper Nielsen, aos 84 minutos, a decidir a partida, pouco depois de ter entrado.
O escandinavo aproveitou o desacerto da linha defensiva dos ‘leões’ - St. Juste não ajustou a posição em relação aos dois companheiros de setor - e, em jogo, bateu um desamparado Israel.