Paris2024. Evenepoel uniu os aros olímpicos ao arco-íris no segundo diploma de Oliveira
Remco Evenepoel juntou hoje o ouro olímpico ao arco-íris, impondo-se num contrarrelógio molhado nas ruas de Paris, onde o ciclista Nelson Oliveira voltou a conquistar um diploma para Portugal oito anos depois, ao ser sétimo.
*** Ana Marques Gonçalves (texto) e Hugo Delgado (fotos), da agência Lusa ***
Paris, 27 jul 2024 (Lusa) – Remco Evenepoel juntou hoje o ouro olímpico ao arco-íris, impondo-se num contrarrelógio molhado nas ruas de Paris, onde o ciclista Nelson Oliveira voltou a conquistar um diploma para Portugal oito anos depois, ao ser sétimo.
Apesar de não gostar do percurso, e do cansaço acumulado nas três semanas que o levaram ao terceiro lugar no pódio final da Volta a França, o belga de 24 anos venceu mesmo o ‘crono’ de Paris2024, desfazendo os sonhos do italiano Filippo Ganna, que ficou com a prata, e o do seu compatriota Wout van Aert, novamente medalhado em Jogos Olímpicos.
De fora das medalhas ficou o azarado britânico Joshua Tarling, o outro grande candidato, que furou e acabou em quarto, a 27 segundos, enquanto Nelson Oliveira voltou a demonstrar toda a sua classe num exercício individual em crescendo, que lhe permitiu ser sétimo, a 01.31 minutos de Evenepoel, igualando o resultado do Rio2016.
Num percurso sem dificuldades – podia descrever-se apenas como plano e veloz -, foi o piso escorregadio o grande adversário dos corredores, um ‘inimigo’ anunciado já pelo ‘crono’ feminino, em que as quedas foram mais do que muitas.
Já antes, a qualidade do pavimento tinha sido criticada por alguns, nomeadamente por Remco Evenepoel, que denunciou a existência de buracos, sobretudo na parte inicial dos 32,4 quilómetros entre os Invalides e a Ponte Alexandre III, mas hoje a chuva persistente que cai desde o fim de tarde de sexta-feira na capital francesa aumentou a perigosidade do traçado, particularmente deslizante no empedrado.
Quando Rui Costa saiu para a estrada, ainda só seis ciclistas tinham iniciado o seu exercício, com o português a fazer o terceiro melhor tempo no intermédio e também na meta, depois de ter ultrapassado o marroquino Achraf Ed Doghmy.
Mas este não era o objetivo olímpico do campeão mundial de fundo de 2013 – foi 25.º, a 02.28 minutos -, mais interessado na prova em linha, ao contrário do que acontecia com Evenepoel e companhia.
Van Aert, o ainda vice-campeão em título de fundo de Tóquio2020, pulverizou todos os registos nos dois pontos intermédios e na meta e durante muito tempo pareceu embalado para, finalmente, conquistar o ouro numa das grandes provas de seleções.
O belga sentou-se na cadeira ‘quente’ e lá ficou durante o desfile dos maiores nomes mundiais da especialidade, entre os quais se conta Nelson Oliveira: sexto nos Mundiais, o ciclista de Vilarinho do Bairro, de 35 anos, passou mal no primeiro ponto intermédio e foi progressivamente em crescendo, sendo sétimo no segundo.
Na meta, o melhor contrarrelogista nacional foi terceiro mas ainda faltavam chegar os ‘grandes dos grandes’. Na Missão portuguesa, as contas faziam-se ao diploma, assegurado assim que o suíço Stefan Küng acabou o seu exercício: o sétimo lugar já não fugia a ‘Nelsinho’.
Com o primeiro diploma ‘entregue’ a Portugal, faltava saber se Van Aert iria mesmo manter-se como primeiro, algo que parecia difícil tendo em conta as indicações dos pontos intermédios. Ganna terminou o seu exercício com um novo melhor tempo, mas a alegria do italiano seria efémera, porque o campeão mundial Evenepoel pedalou a uma média de 53,702 km/h para unir o arco-íris aos aros olímpicos.
O belga cumpriu o ‘crono’ em 36.12 minutos, retirando 15 segundos ao tempo de Ganna – que conquistou a primeira medalha na estrada – e 25 ao de ‘WVA’, passando a deter no currículo, aos 24 anos, os três maiores títulos de seleções – também foi campeão mundial de fundo em 2022.
O ciclismo no masculino volta à estrada em 03 de agosto, para os 272,1 quilómetros da prova de fundo.