Crónica de bastidores. De Sydney a Paris foi só um pulinho

por Hélder Marques de Sousa - RTP (enviado especial a Paris)

Há 24 anos cumpri um sonho de menino e estive nuns jogos olímpicos como jornalista. Em Sydney vivi na primeira pessoa as emoções da conquista do bronze de Nuno Delgado, a primeira medalha de sempre no judo português. Uma experiência inesquecível, insuperável, tanto mais que fui liderado pelo saudoso Jorge Lopes, um mestre único.

Este ano regressei ao maior evento desportivo do mundo e tudo está diferente. Desta vez comandado pelo João Pedro Mendonça, colega em Sydney, onde éramos dos mais novos, agora somos dos mais velhos, o tempo é um malandro, mas a qualidade dos jovens garante muitos jogos olímpicos de qualidade à RTP.

Iguais continuam os atletas. São o que de melhor têm os Jogos. Todos diferentes, todos iguais, na glória e na frustração. Todos trabalham durante quatro anos, faça chuva ou faça sol, para depois serem julgados em alguns segundos. Damos umas moedas pretas, exigimos medalhas douradas. São todos extraordinários, mas fica aqui o meu fraquinho pelos lançadores, colossos à vista, uns peluches gigantes quando abrem o coração!

Em Sydney tudo era novo num país ainda jovem e em crescimento. Em Paris aproveitaram muitos edifícios históricos para criar palcos sublimes. Cheguei com apreensão, mas saio rendido à organização francesa. Na organização de Los Angeles 2028 existem receios por a fasquia estar demasiado alta e, já se sabe, Armand Duplantis nasceu nos EUA mas compete pela Suécia!

De Sydney a Paris são 16960 quilómetros, passaram 8766 dias, seis anos foram bissextos, se viesse a pé e a nadar teriam sido menos de dois quilómetros por dia. Fácil, muito fácil, eu e o José Pinto Dias, o repórter de imagem que esteve sempre a meu lado, vamos terminar com mais de 270 quilómetros de caminhada em Paris em 21 dias. Uma bela média para puros amadores, para apanhar as melhores notícias seguimos o lema criado há 100 anos aqui em Paris: Citius, Altius, Fortius!
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