JMJ. Comunidade Islâmica de Lisboa vai acolher cerca de 50 peregrinos

por Lusa

A Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL) prepara-se para acolher cerca de 50 peregrinos durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em articulação com a Junta de Freguesia de Campolide, disse o presidente daquela comunidade.

Em entrevista à agência Lusa, o presidente da CIL, Mahomed Iqbal, explicou que o processo de acolhimento está a ser finalizado e que a participação dos muçulmanos portugueses na JMJ "é profunda".

"Nós temos um pavilhão desportivo. (...) Isso permite que as pessoas venham a ser acolhidas. Neste momento, estamos a finalizar. O pavilhão desportivo tem uma área específica. Tem regras específicas de pessoas por metro quadrado. Iremos, em conjunto, decidir o número de pessoas, de acordo com essas regras, mas esperamos que sejam por volta de 50", salientou.

Mahomed Iqbal realçou que o acolhimento de peregrinos durante a JMJ foi aceite de "bom grado e de imediato", acrescentado que a Mesquita Central de Lisboa também irá receber visitas.

"Temos várias marcações feitas para receber visitas de peregrinos à mesquita, no âmbito daquilo que informámos ser uma política da mesquita: tem de estar totalmente de portas abertas para poder informar e deixar que as pessoas entrem e tenham a oportunidade de visitar a sala de culto e o resto dos equipamentos", indicou.

Contando já com várias marcações, o presidente da CIL disse que as visitas serão realizadas entre terça e quinta-feira, ou seja entre 01 e 03 de agosto.

"(...) Vamos ter várias sessões ao longo do dia na terça, quarta e quinta-feira na semana da JMJ. Na sexta-feira não é muito conveniente, porque a mesquita está sempre muito cheia com os crentes da oração principal [Salat al-Jummah]", observou.

Mahomed Iqbal referiu ainda que a comunidade vai estar coordenada com o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, Américo Aguiar, sublinhando que os membros da direção e o xeque David Munir estarão presentes em vários eventos, além do acolhimento de peregrinos.

Para o presidente da CIL, a JMJ "significa muito para todas as religiões".

"Para os muçulmanos tem uma importância muito especial, porque [o cristianismo] é uma religião abraâmica e (...) é natural que haja uma conversão específica nas religiões abraâmicas", disse Iqbal, explicando que o objetivo de abrir a mesquita à JMJ é "dar a conhecer uma religião irmã".

Acrescentou que a comunidade islâmica colocou "à disposição jovens muçulmanos" para ajudar na JMJ, mas admitiu não saber se será possível ter voluntários muçulmanos na JMJ, que começa já no dia 01 de agosto: "Estamos a muito curto tempo do grande evento... Não sei dizer".

Sobre os voluntários que estarão ativos nas visitas diárias à Mesquita Central de Lisboa, Mahomed Iqbal disse que o processo ainda se encontra atrasado.

"(...) Há duas semanas tínhamos programado ter uma visita à sede da organização da JMJ em Lisboa para combinarmos isso. Isso ainda não aconteceu. Pode ser que ainda venha a acontecer esta semana", afirmou.

Questionado sobre a intenção, manifestada em março pelo imã da Mesquita Central de Lisboa, xeque David Munir, de promover um encontro do Papa Francisco com a CIL durante a JMJ, Mahomed Iqbal explicou que não vai ser possível.

Apesar de a CIL ter convidado o líder da Igreja católica para visitar a Mesquita Central de Lisboa e encontrar-se com representantes de várias religiões em Portugal, o Papa Francisco decidiu que "era um encontro de jovens e não especificamente das outras confissões", explicou.

"Entendemos perfeitamente. Fizemos o convite, recebemos uma resposta a tempo, mas a vida é feita dessas coisas. Teríamos todo o gosto em receber a Sua Santidade na Mesquita Central de Lisboa", assinalou.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a edição deste ano da JMJ, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJ Lisboa 2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus.

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