UNRWA. Guterres nomeia comité independente para analisar agência da ONU
O secretário-geral da ONU anunciou esta segunda-feira a criação de um comité independente que irá avaliar a neutralidade e o funcionamento da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA). A decisão surge na sequência da polémica que envolve o organismo, com pelo menos 12 funcionários regionais acusados por Israel de terem estado envolvidos no ataque do Hamas, a 7 de outubro.
O grupo hoje nomeado será liderado por Catherine Colonna, ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, com a colaboração de três centros de investigação: o Instituto Raoul Wallenberg, na Suécia, o Instituto Chr. Michelsen, da Noruega e Instituto Dinamarquês para os Direitos Humanos.
No final de janeiro, Israel acusa um total de 190 dos 13 mil funcionários da UNRWA de pertencerem ao Hamas ou à Jihad Islâmica. Para Telavive, 12 destes funcionários estiveram envolvidos no ataque de 7 de outubro, levado a cabo pelo Hamas, que provocou mais 1.200 mortes e fez mais de 200 de reféns.
Na primeira reação a este caso, António Guterres disse ter ficado "horrorizado com as acusações", mas apelou à continuação das operações da agência.
Na primeira reação a este caso, António Guterres disse ter ficado "horrorizado com as acusações", mas apelou à continuação das operações da agência.
À procura de novas doações
Numa altura em que ainda se procura esclarecer as circunstâncias deste caso, Estados Unidos, a Alemanha, o Reino Unido ou a Suécia são alguns dos países que já anunciaram, ao longo dos últimos dias, a suspensão do financiamento. Em contra corrente, Portugal confirmou na sexta-feira que irá doar mais um milhão de euros para apoiar a agência, assim como Espanha, que anunciou esta segunda-feira 3,5 milhões de euros adicionais para a mesma instituição.
Doações extraordinárias que chegam num momento em que a UNRWA corre o risco de se ver obrigada a cessar funções já no final de fevereiro. Na última semana, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde alertou que a suspensão de financiamento teria “consequências catastróficas”.
Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, realiza por estes dias um périplo por vários países do Golfo, onde procura arrecadar financiamento que compense as várias suspensões dos doadores anunciadas nos últimos dias.
O responsável reuniu hoje mesmo com Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan, ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos. De acordo com a agência Reuters, o Catar e o Kuwait serão os próximos destinos.
O responsável reuniu hoje mesmo com Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan, ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos. De acordo com a agência Reuters, o Catar e o Kuwait serão os próximos destinos.
Relatório final em abril
Em comunicado, António Guterres realçava esta segunda-feira que a agência das Nações Unidas agora sob avaliação exterrna é “a organização mais importante da ONU na região” e que está “a trabalhar em condições muito difíceis para ajudar os dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza que dela dependem para sobreviver”, no contexto atual de crise humanitária que é “uma das mais complexas do mundo”, acrescenta.
Para além do trabalho deste comité independente, a ONU tem também um curso uma investigação interna iniciada em janeiro pelo Gabinete de Serviços de Supervisão Interna, após serem conhecidas as alegações de Israel contra os funcionários da UNRWA.
Segundo a ONU e as autoridades de Gaza, mais de 26 mil pessoas morreram naquele enclave palestiniano desde a intensificação do conflito, na sequência do ataque do Hamas a 7 de outubro.
Segundo a ONU e as autoridades de Gaza, mais de 26 mil pessoas morreram naquele enclave palestiniano desde a intensificação do conflito, na sequência do ataque do Hamas a 7 de outubro.