Tribunal israelita recusa adiar o testemunho por corrupção de Netanyahu

por Lusa
Foto: Maya Alleruzzo - Reuters

O Tribunal Distrital de Jerusalém recusou hoje o pedido de membros do Gabinete de Segurança de Israel para prescindir do testemunho do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, na terça-feira no julgamento por corrupção.

A petição, subscrita por 12 membros do Gabinete, segundo o jornal Haaretz, foi dirigida ao procurador-geral, Gali Baharav Miara, e ao diretor da Administração dos Tribunais, Tzachi Uziel, alegando a situação atual na fronteira com a Síria, onde Israel estacionou as suas tropas por "razões de segurança" após a queda do regime do Presidente Bashar al-Assad.

"Aqueles que ignorarem este sério aviso podem tornar-se responsáveis por falhas de segurança e a história irá julgá-los por isso", ameaçaram os membros do Gabinete de Segurança na carta, onde denunciam que a atual conduta da Justiça "prejudica gravemente a segurança do Estado".

A declaração dos juízes que negaram o pedido do gabinete garante que "a gestão do julgamento é feita com as partes no processo, e apenas com elas".

"Não foi apresentada qualquer base regulamentar para afastar esta prática, pelo que não há razão para alterar as datas estabelecidas", refere o texto, publicado pela imprensa israelita.

A audiência para Netanyahu testemunhar deveria ter sido realizada em novembro de 2023, mas depois surgiu a guerra na Faixa de Gaza que tornou a aparição de Netanyahu um risco para a segurança nacional, pelo que foi adiada ao longo do ano para esta terça-feira.

A equipa jurídica de Netanyahu alega que o julgamento poderá colocar a sua vida em risco, bem como a gestão da guerra e as tarefas de recuperação dos 96 reféns ainda em Gaza.

O primeiro-ministro vai responder por três casos de fraude, suborno e abuso de confiança por alegadamente receber presentes em troca de favores e por exercer pressão para conseguir uma imagem positiva da sua gestão nos meios de comunicação social.

Desde o início, Netanyahu negou os factos e recebeu o apoio dos seus apoiantes, que afirmam que se trata de uma operação da "esquerda judicial" para o retirar do poder por meios legais, depois de não o terem conseguido nas urnas.

Em julho, a defesa do primeiro-ministro pediu o adiamento da audiência para março de 2025, mas o tribunal rejeitou-o e marcou-a para 2 de dezembro, concordando depois em adiar por apenas oito dias.

O julgamento começou em 2020 e levou mais de 300 pessoas a depor, deixando a declaração de Netanyahu para novembro do ano passado, quando os ataques do Hamas de 07 de outubro, e a guerra em Gaza que se seguiu, deram lugar a um hiato judicial de dois meses.
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