Mundo
Guerra no Médio Oriente
Segurança no Mar Vermelho. EUA e Reino Unido a um passo de atacar Houthis no Iémen
O governo britânico convocou um conselho de ministros extraordinário por tele-conferência esta quinta-feira, para analisar o ataque com meia dúzia de drones de que foi alvo um dos seus destroyers, estacionado no Mar Vermelho, por parte das milícias iemenitas.
Foram chamados igualmente o líder da Câmara dos Comuns, Sir Lindsay Hoyle, o líder do Partido Trabalhista, Sir Keir Starmer e o ministro da Defesa do governo-sombra do Reino Unido, John Healey.
O jornal Times desenvolveu a mesma tese, adiantando que o Reino Unido e os Estados Unidos poderão realizar nas próximas horas bombardeamentos aéreos de posições militares dos Houthis no Iémen.
Ao sair da reunião, em Whitehall, Sir Lindsay Hoyle escusou-se a comentar o teor das conversações.
Apesar do executivo britânico ter a prerrogativa de decidir iniciar de imediato qualquer resposta militar que entenda ser necessária, sem precisar de consultar o Parlamento, é habitual que o faça, lembram analistas.
O governo escocês quer igualmente ser consultado sobre a decisão e o primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, exigiu a convocação de uma sessão parlamentar para debater a questão.
"O Reino Unido não goza de um registo militar positivo em intervenções no Médio Oriente", escreveu Yousaf na rede X.
Também Stephen Flynn, líder em Westminster do Partido Nacional, SNP, que governa a Escócia, apelou a maior ponderação.
"Com base somente em relatórios da imprensa esta é claramente uma situação complexa e grave que está a desenvolver-se rapidamente", afirmou.
Alastrar da guerra Israelita com o Hamas"O Reino Unido não goza de um registo militar positivo em intervenções no Médio Oriente", escreveu Yousaf na rede X.
Também Stephen Flynn, líder em Westminster do Partido Nacional, SNP, que governa a Escócia, apelou a maior ponderação.
"Com base somente em relatórios da imprensa esta é claramente uma situação complexa e grave que está a desenvolver-se rapidamente", afirmou.
O Pentágono declinou esta tarde comentar a possibilidade de estarem a ser preparados ataques para breve.
Aos jornalistas, já esta noite, o porta-voz, brigadeiro-general Pat Ryder, recusou "telegrafar, projetar ou especular sobre quaisquer potenciais operações futuras".
"Penso que o que tem sido dito por múltiplas nações quanto ao facto de que heverá consequências - se os ataques não pararem, fala por si. E não digo mais nada", precisou.
A possibilidade de ataque tem de ser extremamente ponderada por parte de Londres, de Washington e dos seus aliados. Qualquer ação pode metastizar o conflito israelo-palestiniano no Médio Oriente.
Deixar sem resposta os ataques que ameaçam o comércio mundial pode fazer o Ocidente parecer fraco, sobretudo após os múltiplos avisos que tem feito.
Por outro lado, uma operação militar, mesmo direcionada, poderá fazer explodir a rua, em países árabes e muçulmanos, e até no próprio Reino Unido, se for entendida como uma intervenção a favor de Israel no conflito com o Hamas.
A probabilidade de mortos devido aos ataques é igualmente elevada, levando à criação de um novo grupo de "mártires".
A possibilidade de ataque tem de ser extremamente ponderada por parte de Londres, de Washington e dos seus aliados. Qualquer ação pode metastizar o conflito israelo-palestiniano no Médio Oriente.
Deixar sem resposta os ataques que ameaçam o comércio mundial pode fazer o Ocidente parecer fraco, sobretudo após os múltiplos avisos que tem feito.
Por outro lado, uma operação militar, mesmo direcionada, poderá fazer explodir a rua, em países árabes e muçulmanos, e até no próprio Reino Unido, se for entendida como uma intervenção a favor de Israel no conflito com o Hamas.
A probabilidade de mortos devido aos ataques é igualmente elevada, levando à criação de um novo grupo de "mártires".
Houthis desafiadores
A reunião em Londres acontece horas depois do porta-voz norte-americano para a segurança, John Kirby, ter avisado que os Estados Unidos irão agir contra os ataques contínuos perpetrados pelo grupo xiita, que goza do apoio do Irão.
Em Washington, Kirby avisou que haverá "consequências" para os Houthi se não suspenderem os seus ataques.
A resposta dos rebeldes foi desafiadora. O seu principal líder, Abdelmalek al-Huti, avisou já esta quinta-feira que qualquer agressão dos EUA contra o movimento xiita "nunca ficará sem resposta".
"Enfrentaremos a agressão americana. Qualquer agressão americana nunca ficará sem resposta", disse o líder Houthi num discurso televisionado.
Al-Huti ameaçou que o seu grupo aumentará a atividade no Mar Vermelho, ao mesmo tempo que explicou que os ataques que tem lançado desde 19 de novembro contra navios comerciais estão a ser "muito eficazes e impactantes".
O líder dos Houthis garantiu que estas ações -- que assumiu serem de apoio ao grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza - "provocaram duros golpes na economia do inimigo sionista (Israel) e estenderam os seus efeitos àqueles que o apoiam abertamente", numa referência aos Estados Unidos e ao Reino Unido.
"Não importa quantos mártires iremos sacrificar, isso não afetará a nossa posição. Não enfraquecerá a nossa posição, não prejudicará a nossa determinação nem diminuirá o nosso compromisso e firmeza", assegurou Al-Huti.
27º ataque desde 19 de novembro
Há três semanas, o líder Houthi ameaçou atacar navios de guerra dos EUA se Washington atacar o Iémen.
Esta quinta-feira, os Houthis dispararam um míssil anti-balístico contra os canais de navegação do Golfo de Aden, sem causar estragos nem vítimas, relataram as forças militares norte-americanas.
O míssil foi visto a cair na água junto a um cargueiro, referiu o Comando Central dos EUA em comunicado, acrescentando que este foi o 27º ataque pela milícia iemenita contra o comércio marítimo desde 19 de novembro.
De acordo com um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro Sunak, este falou ao telefone com o presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi esta tarde, sobre a ameaça crescente apresentada pelos Houthi ao comércio internacional, "no Mar Vermelho" e "no Canal de Suez".
"O primeiro-ministro afirmou que o Reino Unido irá prosseguir com as suas ações defensivas para defender a liberdade de navegação e proteger vidas no mar", referiu o comunicado de Downing Street.
(com Lusa)