Programa Alimentar Mundial diz que palestinianos "enfrentam ameaça imediata de fome"

por Lusa

A população de Gaza, onde desde o início do atual conflito entraram apenas 10% dos alimentos necessários para a subsistência dos habitantes, "enfrenta a ameaça imediata de fome", alertou hoje o Programa Alimentar Mundial da ONU.

"As reservas de alimentos e de água são praticamente inexistentes e apenas uma fração do que é necessário está a atravessar as fronteiras. Com a aproximação rápida do inverno, a insegurança e a sobrelotação dos abrigos e a falta de água potável, os civis enfrentam a possibilidade imediata de morrer à fome", declarou Cindy McCain, diretora executiva do PAM.

Também hoje numa teleconferência de imprensa em Nova Iorque, a porta-voz do PAM para o Médio Oriente, Abeer Etefa, apresentou detalhes sobre a situação no terreno, indicando que a população de Gaza faz atualmente uma refeição por dia "e limita-se à comida enlatada, a única disponível neste momento".

"O pão tornou-se um verdadeiro luxo", acrescentou Etefa, frisando que os "pescadores não podem sair para o mar, nem os agricultores podem chegar às suas terras, e a última padaria que funcionava com a ajuda do PAM teve de fechar".

A estas deficiências soma-se o facto de os frigoríficos terem parado de funcionar por falta de eletricidade, pelo que as famílias não conseguem conservar alimentos perecíveis.

"Começamos a ver casos de desidratação e desnutrição, que aumentam rapidamente e a cada dia", assegurou.

Também Juliette Touma, diretora de comunicações da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinianos (UNRWA), participou na videoconferência, indicando que, devido ao novo `apagão` de comunicações registado em Gaza, não haverá uma operação transfronteiriça na passagem de Rafah na manhã de sexta-feira.

"A rede de comunicações em Gaza está desligada porque não há combustível e isso torna impossível gerir ou coordenar caravanas de ajuda humanitária", disse.

"Hoje, Gaza parece ter sido atingida por um terramoto, só que é provocado pelo homem e poderia ter sido totalmente evitado", lamentou, acrescentando que a população e as equipas de ajuda humanitária no terreno estão "desidratadas, famintas e exaustas".

Touma considerou "simplesmente ultrajante" que as agências humanitárias estejam reduzidas "à mendicância de alimentos" e criticou o facto de que, nesta guerra, "água, alimentos e combustível estejam a ser usados como armas de guerra".

Segundo o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, os bombardeamentos israelitas iniciados a 07 de outubro mataram mais de 11.500 pessoas, na maioria civis, incluindo 4.710 crianças.

Do lado israelita, o ataque do Hamas, organização considerada terrorista por União Europeia e Estados Unidos, causou cerca de 1.200 mortos, na sua maioria civis, segundo as autoridades israelitas. Cerca de 240 pessoas foram também feitas reféns e levadas para Gaza.

O exército israelita anunciou hoje a morte de mais dois soldados nos combates na Faixa de Gaza, elevando para 51 o número total de soldados mortos no território palestiniano desde o início da guerra contra o Hamas.

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