Poliovírus detetado na água. OMS preocupada com possíveis epidemias em Gaza

por Cristina Sambado - RTP
Eyad Baba -AFP

A Organização Mundial da Saúde afirmou esta terça-feira que existe um elevado risco de o vírus da poliomielite se espalhar pela Faixa de Gaza e além das suas fronteiras, devido à terrível situação sanitária no enclave palestiniano devastado pela guerra.

Ayadil Saparbekov, chefe da equipa de emergências sanitárias da OMS em Gaza e na Cisjordânia, afirmou que o poliovírus tipo 2, derivado da vacina, foi isolado de amostras ambientais de águas residuais em Gaza.

“Existe um risco elevado de propagação do vírus da poliomielite derivado da vacina circulante em Gaza, não só devido à deteção, mas também devido à situação muito grave do saneamento das águas”, afirmou aos jornalistas em Genebra, através de uma ligação vídeo a partir de Jerusalém.

“Também pode alastrar-se internacionalmente, num ponto muito alto”.

Segundo Saparbekov, trabalhadores da OMS e da UNICEF devem chegar a Gaza na quinta-feira para coletar amostras de fezes humanas como parte de uma avaliação de risco relacionada à descoberta do vírus.A poliomielite, que se propaga principalmente por via fecal-oral, é um vírus altamente infecioso que pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia. Afeta principalmente crianças com menos de cinco anos.

A avaliação, que espera estar concluída até ao final da semana, permitirá às autoridades sanitárias emitir recomendações, “incluindo a necessidade de uma campanha de vacinação em massa, bem como o tipo de vacina a utilizar e a faixa etária da população que terá de ser vacinada”.


O exército de Israel revelou no domingo que iria começar a oferecer a vacina contra a poliomielite aos soldados que servem na Faixa de Gaza depois de terem sido encontrados vestígios do vírus contagioso da poliomielite em amostras de testes em áreas do enclave costeiro.

Os militares afirmaram ainda que, com a cooperação de grupos internacionais, tinham sido trazidas vacinas suficientes para cobrir mais de um milhão de pessoas em Gaza, que tem uma população total de cerca de 2,3 milhões.

Sem serviços de saúde adequados, a população de Gaza é particularmente vulnerável a surtos de doenças, afirmam os funcionários da saúde pública e os grupos de ajuda humanitária.

“Estou extremamente preocupado com a ocorrência de um surto em Gaza e não se trata apenas de poliomielite, mas de diferentes surtos de doenças transmissíveis”, sublinhou Saparbekov.

O chefe da equipa de emergências sanitárias da OMS em Gaza e na Cisjordânia afirmou ainda que “cerca de 14 mil pessoas poderão” ter de ser retiradas de Gaza.
Mais de 39 mil mortos em nove meses
O Ministério da Saúde de Gaza anunciou esta terça-feira um novo balanço de 39.090 mortos no território palestiniano desde o início da guerra com Israel, há mais de nove meses.

Cerca de 84 palestinianos foram mortos e 329 feridos nas últimas 24 horas, informou o ministério em comunicado, acrescentando que 90.147 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro.

c/ agências
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